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Peça utiliza as cores como metáfora para a vida urbana e a crueldade

 
O cinza da cidade e as cores das novas possibilidades se misturam no espetáculo Colorindo o Cinza. Inspirados no livro Contos Cruéis – As narrativas mais violentas da literatura brasileira contemporânea, a Cia Rumores de Teatro montou um espetáculo que se estabelece no choque das relações humanas. 
 
Partindo do cinza como metáfora da vida urbana, cercada de cimento, asfalto, fumaça e muros, a cor está em todo lugar, seja nos figurinos ou no cenário. Entretanto, durante a narrativa, podem parecer as cores vivas, que representam novas possibilidades de existência nesse universo cruel.
 
“Cabe pensar na metáfora de um pintor que, a cada pincelada, revela algo novo em sua obra. Mas, no caso do teatro, são os gestos e as palavras que dão grande peso nas narrativas”, explica o diretor artístico, Leonardo Patrocínio.
 
Durante a criação foram escolhidos cinco contos para serem adaptados. As histórias são dos autores Fernando Bonassi, Ataíde Tartari, Adriano Espínola, Nelson de Oliveira e Rinaldo de Fernandes (organizador do livro). Leonardo conta que mesmo sem conhecer a companhia, os escritores confiaram no trabalho dos artistas e liberaram de imediato o uso de seus textos. 
 
Com o texto em mãos, o processo de adaptação foi feito de forma totalmente colaborativa. Cada integrante, entre atores, diretor e dramaturgos, trabalhou criativamente a sua função. “Os atores tiveram muita liberdade para a experimentação e puderam propor versões diferentes do mesmo conto e seus personagens. Isso é muito rico e plural, pois possibilita que o ator seja um grande criador da obra como um todo”, conta o diretor. 
 
Além desse processo de imersão na literatura, a Rumores de Teatro também contou com a experiência de Ze Walter Albinati.  O ator mineiro da Cia Luna Lunera foi convidado para uma Residência Artística em Teatro. “O Albinati desenvolveu conosco os procedimentos técnicos de viewpoints (pontos de vista) e também nos estimulou a trabalhar com ações vocais. De tempos em tempos, o Zé Walter vinha e assistia às nossas criações. Fazia apontamentos e orientações. O contato com ele foi muito importante”.
 
A cia Luna Lunera também já realizou adaptação de conto para teatro, a exemplo do espetáculo Aqueles dois, inspirado na obra homônima de Caio Fernando Abreu, que esteve recentemente em cartaz em Vitória. 
 
Aldeia Sesc 
 
O espetáculo Colorindo o Cinza faz parte do festival Aldeia Sesc Ilha do Mel 2014, promovida pelo Serviço Social do Comércio (Sesc-ES). Com espetáculos de teatro, dança, oficinas, intervenções, debates e cortejo de artistas locais e convidados, o evento acontecerá até o próximo dia 11 de outubro. A entrada é franca e os ingressos poderão ser retirados uma hora antes de cada espetáculo, na bilheteria do Centro Cultural.
 
Ao todo, serão 12 dias de muita arte. A Aldeia SESC Ilha do Mel é uma mostra não competitiva, aberta à participação de grupos de artes cênicas. É uma iniciativa que permite a troca de experiência com os espetáculos convidados, num movimento de prestígio aos trabalhos locais, dividindo experiências sobre a produção cênica contemporânea.
 
Serviço
 
A peça Colorindo o Cinza será encenada nesta segunda-feira (6), às 19h, no Teatro Multiconfiguracional Centro Cultural Sesc Glória. Entrada Franca.

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