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‘Pessoas com deficiência se revelam potência nas artes’

Atores com deficiência física, auditiva e visual participam de oficinas inclusivas e encenam peças teatrais em Vitória e Anchieta

Por acreditar que pessoas com deficiência devem ter acesso à cultura “não somente como expectadoras, mas também como produtoras”, a Associação Sociedade Cultura e Arte (Soca Brasil), organiza oficinas por meio do Projeto Cena Diversa, voltadas para esse público, envolvendo práticas de teatro, canto, radionovela, cinema e fotografia. Alguns resultados dessa iniciativa são duas peças teatrais: Quando acordar a cidade e Pele“Eles se revelam potência. Deficiência é potência”, ressalta Rejane Arruda, diretora dos dois espetáculos e coordenadora do projeto.

As atividades têm foco em pessoas com deficiência física, auditiva e visual, sendo adaptadas para cada um desses públicos. Na oficina para pessoas com deficiência visual, foi inserida a aula de dublagem, pois “é por meio da voz e dos ouvidos que eles descobrem o mundo”, relata Rejane. Na voltada para surdos, há integração entre libras e português.

Rejane Arruda

As oficinas começaram em 2019, por meio do Prêmio Diversidade Cultural, da Secretaria Estadual de Cultura do Espírito Santo (Secult/ES). Em 2020 e 2021, sua realização foi impossibilitada pela pandemia da Covid-19. Este ano, foram retomadas por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura, a Lei Rouanet. Haverá novas turmas no segundo semestre, todas elas com vagas esgotadas, o que, para Rejane, comprova que há uma demanda por parte de pessoas com deficiência e poucas iniciativas que os incluam.

Ela destaca que muitos podem acreditar que as peças protagonizadas pelas pessoas com deficiência são “pecinhas pobrezinhas para inclusão”, o que não é realidade. “Não é ir lá ver o cego fazer teatro, é uma peça de excelência artística, com abordagem visual e sonora impactante”, destaca.

O público poderá apreciar ambas as peças gratuitamente neste mês de junho. Quando Acordar a Cidade será encenada no adro do Santuário Nacional de São José de Anchieta, na cidade de Anchieta, sul do Estado, no dia 18, às 19h30. Nos dias 22 e 24 de junho, estará no Palácio da Cultura Sônia Cabral, no Centro de Vitória, às 20h. O espetáculo Pele está marcado para acontecer na Concha Acústica do Parque Moscoso, também no Centro de Vitória, nos dias 26 e 27 de junho, às 20h. Haverá ainda um ensaio aberto nesse mesmo local, no dia 25 de junho, às 20h.
A universitária Cinthya de Oliveira faz parte do elenco de Quando Acordar a Cidade, uma estória sobre a era de ouro do rádio no Brasil, encenada por sete pessoas cegas e duas com baixa visão, que são auxiliadas no deslocamento e na troca de microfones por assistentes-videntes. Cinthya nasceu cega e sempre quis fazer teatro, mas ainda não havia encontrado um espaço no qual se sentisse inclusa. 
Laysa Santiago

“Foi a primeira vez que encontrei um espaço com acessibilidade. Estou muito feliz. Está sendo muito bacana. Sou muito tímida, tenho dificuldade para falar em público. Agora perdi o nervosismo, estou mais comunicativa”, conta.

O jogador de rúgbi Fernando Huler é um dos atores de Pele, peça com três cadeirantes e quatro andantes que conta a estória de jovens que se conhecem, se apaixonam, casam e levam a vida, até que algo inesperado acontece. Ele, que se tornou cadeirante após ser baleado em uma tentativa de homicídio, nunca pensou em fazer teatro, mas por nunca ter visto uma iniciativa de oficinas teatrais para quem usa cadeira de rodas, se entusiasmou.

Um dos pontos que aprecia na peça são as reflexões sobre a questão da deficiência, mas não como foco principal. “Estamos um pouco cansados de se focar somente nisso, de dar atenção total a isso”.

Segundo Rejane, as peças trazem essas reflexões, mas têm uma sinopse que diz respeito a todos.

Convite a turmas escolares
Os representantes de escolas que queiram levar turmas de alunos para assistir as apresentações do espetáculo Quando Acordar a Cidade devem entrar em contato com a coordenação do projeto, pelo WhatsApp da Soca Brasil: (27) 99609-8181. A plateia do Palácio da Cultura Sônia Cabral comporta o total de 206 pessoas. Na Concha Acústica do Parque Moscoso, onde será apresentada a peça Pele, podem se sentar cerca de 200 pessoas nos bancos.

Apresentações

Quando Acordar a Cidade

Local: Adro do Santuário Nacional de São José de Anchieta – Anchieta
Data: 18 de junho
Horário: 19h30
Entrada gratuita

Quando Acordar a Cidade
Local: Palácio da Cultura Sônia Cabral – Praça João Clímaco, Cidade Alta – Centro de Vitória.
Data: 22 e 24 de junho
Horário: 20h
Entrada gratuita

Pele – Ensaio Aberto
Local: Concha Acústica do Parque Moscoso – Parque Moscoso, Vitória.
Data: 25 de junho
Horário: 20h
Entrada gratuita

Pele
Local: Concha Acústica do Parque Moscoso – Parque Moscoso, Vitória.
Data: 26 e 27 de junho
Horário: 20h
Entrada gratuita

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