Atores com deficiência física, auditiva e visual participam de oficinas inclusivas e encenam peças teatrais em Vitória e Anchieta
Por acreditar que pessoas com deficiência devem ter acesso à cultura “não somente como expectadoras, mas também como produtoras”, a Associação Sociedade Cultura e Arte (Soca Brasil), organiza oficinas por meio do Projeto Cena Diversa, voltadas para esse público, envolvendo práticas de teatro, canto, radionovela, cinema e fotografia. Alguns resultados dessa iniciativa são duas peças teatrais: Quando acordar a cidade e Pele. “Eles se revelam potência. Deficiência é potência”, ressalta Rejane Arruda, diretora dos dois espetáculos e coordenadora do projeto.
As atividades têm foco em pessoas com deficiência física, auditiva e visual, sendo adaptadas para cada um desses públicos. Na oficina para pessoas com deficiência visual, foi inserida a aula de dublagem, pois “é por meio da voz e dos ouvidos que eles descobrem o mundo”, relata Rejane. Na voltada para surdos, há integração entre libras e português.
As oficinas começaram em 2019, por meio do Prêmio Diversidade Cultural, da Secretaria Estadual de Cultura do Espírito Santo (Secult/ES). Em 2020 e 2021, sua realização foi impossibilitada pela pandemia da Covid-19. Este ano, foram retomadas por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura, a Lei Rouanet. Haverá novas turmas no segundo semestre, todas elas com vagas esgotadas, o que, para Rejane, comprova que há uma demanda por parte de pessoas com deficiência e poucas iniciativas que os incluam.
Ela destaca que muitos podem acreditar que as peças protagonizadas pelas pessoas com deficiência são “pecinhas pobrezinhas para inclusão”, o que não é realidade. “Não é ir lá ver o cego fazer teatro, é uma peça de excelência artística, com abordagem visual e sonora impactante”, destaca.
“Foi a primeira vez que encontrei um espaço com acessibilidade. Estou muito feliz. Está sendo muito bacana. Sou muito tímida, tenho dificuldade para falar em público. Agora perdi o nervosismo, estou mais comunicativa”, conta.
O jogador de rúgbi Fernando Huler é um dos atores de Pele, peça com três cadeirantes e quatro andantes que conta a estória de jovens que se conhecem, se apaixonam, casam e levam a vida, até que algo inesperado acontece. Ele, que se tornou cadeirante após ser baleado em uma tentativa de homicídio, nunca pensou em fazer teatro, mas por nunca ter visto uma iniciativa de oficinas teatrais para quem usa cadeira de rodas, se entusiasmou.
Um dos pontos que aprecia na peça são as reflexões sobre a questão da deficiência, mas não como foco principal. “Estamos um pouco cansados de se focar somente nisso, de dar atenção total a isso”.
Segundo Rejane, as peças trazem essas reflexões, mas têm uma sinopse que diz respeito a todos.
Quando Acordar a Cidade
Horário: 19h30
Entrada gratuita
Quando Acordar a Cidade
Local: Palácio da Cultura Sônia Cabral – Praça João Clímaco, Cidade Alta – Centro de Vitória.
Data: 22 e 24 de junho
Horário: 20h
Entrada gratuita
Local: Concha Acústica do Parque Moscoso – Parque Moscoso, Vitória.
Data: 25 de junho
Horário: 20h
Entrada gratuita
Pele
Local: Concha Acústica do Parque Moscoso – Parque Moscoso, Vitória.
Data: 26 e 27 de junho
Horário: 20h
Entrada gratuita