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Podcast registra histórias e pensamentos dos mestres de congo

Com episódios semanais, programa ouviu dez mestres de grupos urbanos e rurais da Grande Vitória e de Linhares

Dez mestres de congo do Espírito Santo participam da primeira temporada do Papo de Mestres, um podcast produzido pelo Instituto Manguerê para registrar as trajetórias e ideias desses personagens fundamentais para a manutenção da cultura popular e tradicional no Estado. Cada episódio tem uma hora de duração numa conversa e música ao vivo com apresentação do músico Fábio Carvalho. A estreia foi com Ramiro Machado, da Banda de Congo Folclórico de São Benedito, da Serra, que é neto do falecido Mestre Antônio Rosa, um dos grandes expoentes da história desta cultura.

O apresentador Fabio Carvalho (com tambor) entrevistando Mestre Ramiro no Papo de Mestres, com Wyucler Rodrigues, que assina a produção sonora do podcast. Foto: Douglas Bonella

Na próxima sexta-feira (27), o convidado é Ricardo Sales, da Banda de Congo Amores da Lua, de Santa Marta (Vitória), também neto de um importante mestre, Reginaldo Sales. Depois, a série segue com mais oito episódios semanais, que vão ao ar sempre às quartas-feiras em plataformas de áudio e no YouTube.

“A importância desse projeto é ter um registro a partir dos mestres, porque eles são detentores dessa história, possuem essa sabedoria popular da vivência que vem de suas infâncias, sua ancestralidade”, considera Fabio Carvalho, que também assina como produtor geral do Papo de Mestre, que conta com coordenação geral de Alcione Dias.

Para Fabio, muitas vezes são acadêmicos que falam sobre os mestres e congo em registros mais perenes. Com o podcast, o projeto busca organizar depoimentos baseados na oralidade com que geralmente são transmitidos nas bandas e seus territórios, mas arquivados e disponibilizados em plataformas em que possam ser duradouros e acessíveis a públicos diversos, que podem estar no Espírito Santo ou em qualquer lugar do mundo e conhecer o conteúdo por meio das redes sociais e plataformas digitais. “É importante imortalizar a voz e a sabedoria deles”, diz. O público-alvo são pesquisadores, estudantes, os próprios integrantes das bandas e todos interessados ou curiosos sobre o congo e a cultura popular.

Para o músico, o papel dos mestres é de manter a “chama viva” nas bandas, com cuidado, devoção e o desafio de continuar os festejos anuais. “Eles fazem trabalhos maravilhosos de preservação da nossa cultura, muitas vezes sem recurso nenhum do Estado, fazendo por devoção. Por isso a importância desses mestres junto com suas bandas para manter firme e forte em sua devoção tanto aos santos quanto à cultura, na preservação e manutenção da cultura”.

Mestre Guimaldo, de Regência, com Fábio Carvalho. Foto: Douglas Bonella

Os principais temas abordados nos episódios do podcast, são as histórias de suas bandas de congo e dos próprios mestres, o significado do congo em suas vidas, as necessidades que eles têm, as alegrias e tristezas de fazer cultura popular. “É um bate papo informal, em que o mestre fala o que ele quer. Eu sou apenas um instrumento que vou guiando a conversa para eles irem se soltando”, relata o apresentador.

A maioria dos dez mestres participantes foram de bandas da Grande Vitória, pela maior facilidade logística, buscando uma representatividade diversa, de bandas de Serra, Vila Velha, Vitória, Cariacica, Guarapari e Viana, considerando jovens e idosos, bandas rurais e urbanas, do interior e do litoral. A exceção é Mestre Guimaldo Firmino, de Regência Augusta, em Linhares, norte do Estado. Os demais, além dos já mencionados são Mestre Valdemiro Sales (Banda de Congo Panela de Barro, Goiabeiras, Vitória), Mestre Domingos (Banda de Congo Guarapari, de Guarapari), Mestra Lúcia Maria (Banda de Congo de Santana, de Manguinhos, Serra), Mestre Daniel (Banda de Congo Mestre Honório, Barra do Jucu, Vila Velha), Mestre Tagibe (Banda de Congo Mestre Tagibe, Roda D’Água, Cariacica), Mestre Alicio Machado (Banda de Congo Mãe Petronilha, Araçatiba, Viana), Mestra Valdirene Nascimento Lima (Banda de Congo São Benedito, Santiago, Serra).

Contando com apoio do Fundo Estadual de Cultura (Funcultura) em sua primeira temporada, a pretensão é que dos organizadores é que o Papo de Mestres tenha continuidade futuramente até abarcar mestres de todas as bandas do Estado – que eram 61 segundo o Atlas do Folclore Capixaba, de 2009.

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