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Premiado filme de Kleber Mendonça Filho conquistou público internacional antes de chegar ao Brasil

Antes mesmo de ser lançado no Brasil, o filme Aquarius, já chamava atenção na internet quando seu elenco se posicionou publicamente no Festival de Cannes sobre o processo de impeachment da então presidente Dilma Rousseff. Aliás, o filme foi Palma de Ouro em Cannes. Daí em diante, em razão do posicionamento contra o impedimento da presidente, a expectativa de muitos era de que ficasse mais complicado para o filme conquistar público por aqui, visto que uma enxurrada de críticas surgiram ao recriminar o posicionamento do elenco. Os mais radicais chegaram até a falar em boicote ao filme.

E mesmo diante de tudo isso, Aquarius estreou no Brasil no início deste mês, enfrentando uma medida arbitrária do Ministério da Justiça diante da classificação etária de 18 anos, surpreendendo a muitos, não só pelo belíssimo filme, mas pela quantidade de pessoas interessada em conhecer o teor da obra.

Dirigido pelo pernambucano Kleber Mendonça Filho – mesmo diretor do elogiado O som ao redor -, Aquarius protagoniza a veterana atriz Sônia Braga ao interpretar uma jornalista aposentada, mãe de três filhos adultos, avó, sobrevivente de um câncer, apaixonada por seus vinis e, extremamente forte. Clara, a personagem, segura a obra inteira em suas costas devido à voracidade de sua construção como protagonista complexa e intensa.

Amarrado inteiramente por músicas clássica de vinis, e arrematado por diálogo igualmente intensos, o filme se passa no entorno da praia de Boa Viagem, em Recife (PE). Dividido em três partes, o obra apresenta Clara, sua família, amigos e a relação única que desenvolve ao se apegar às coisas que para ela simbolizam histórias e vivências, como é o caso do apartamento em que vive, no edifício Aquarius.

O apartamento de Clara é tão repleto de histórias e momentos, como se fosse uma união de tudo o que a personagem veio a se tornar: uma mulher apaixonada pela vida, aposentada, disposta a aproveitar seus dias ao máximo e amante dos detalhes da rotina. A rotina aliás se faz muito presente na obra inteira quando levanta assuntos corriqueiros do dia a dia, como o relacionamento com os filhos, as brigas com vizinhos e a decisão certeira e irredutível em não sair de seu apartamento.

O conflito surge quando uma construtora do prédio quer erguer um novo edifício, com novo conceito e amparado na proposta dos grandes e tecnológicos empreendimentos – o que para Clara é ridículo. Enquanto todos os vizinhos aceitam as propostas e vendem seus apartamentos, Clara mantém-se firme em continuar a ser a única moradora do local. Essa decisão em não sair do prédio vai acarretar numa série de embates entre a personagem e os empresários.

É em meio a esse contexto que o filme levanta tantos diálogos envoltos nas relações humanas, na insensibilidade do crescimento das grandes cidades, nas memórias pessoais de cada um, nas descobertas da vida mesmo na terceira idade, nas desigualdades sociais, entre tantos outros pontos que são embalados tocantemente por canções de Maria Bethânia, Robertos Carlos, Queen e muitos outros.

Aquarius é um filme de grande fôlego não só em sua duração de duas horas e 22 minutos, mas na construção de roteiro, dos diálogos, na profundidade de personagens e nos tantos questionamentos que lança ao público. Até o momento cerca de 100 mil pessoas já assistiram ao filme nos cinemas brasileiros – aliás, poucos cinemas resolveram encarar a exibição do filme, aqui em Vitória. O filme está em cartaz no Cine Jardins, em Jardim da Penha, com duas sessões diárias, uma às 16h40 e outra às 20h55. Já no Cinemark do Shopping Vitória, o filme entra em exibição nas sessões de 15h25 e 21h10.

Serviço

Aquarius (2016, Brasil)

Cinemark – Shopping Vitória: Sala 2. 15h25. 21h10

– Cine Jardins: Shopping Jardins. Sala 2. 16h40.20h50

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