Há quatro anos a Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) criava o curso de Cinema & Audiovisual no Centro de Artes, Campus de Goiabeiras, em Vitória. Hoje, a primeira turma de alunos já está em processo de conclusão e, uma das mostras experimentais criadas lá em meados de julho de 2013 para divulgar a produção cinematográfica deles – a Próximos Olhares – chega à sua quarta edição inserida em um ambiente maior, com mais produções e qualidade. Além de abrigar filmes e curtas de novos alunos, ela ainda tem o objetivo de lançar oficialmente no mercado os trabalhos de conclusão de curso da primeira leva de cineastas que a Ufes forma.
O conceito dessa edição é ser mais forte, não à toa o nome da mostra já explicita isso: Próximos Olhares Volume 4: Ma(i)s Grave. Composta por três sessões distintas, Curta & Grosso, Projeção e Bota Fora, a atividade terá realização no próximo dia 11, a partir das 18h no Cine Metrópolis da Ufes, com entrada franca. A mostra faz parte do programa de extensão universitária entre o Departamento de Comunicação Social (DepCom) e o Departamento de Teoria da Arte e Música (DTAM). Dessa forma, as produções contam com a integração entre os dois cursos.
Com a proposta de tirar os filmes da sala de aula, a mostra cumpre o papel de realização de um produto audiovisual: a chegada ao público. “Filmes não são feitos para os cineastas, são feitos para o público. E é isso que a gente tenta oferecer aos alunos, um conhecimento de mercado”, explica Klaus Berg, professor do Departamento de Comunicação Social da Ufes e, um dos responsáveis pela banca de seleção dos filmes escolhidos.
Além de peças audiovisuais que prezam por qualidade de mercado e nível experimental de produção, desde a primeira realização da Próximos Olhares os alunos participantes são selecionados também por mostras já consagradas, como o Festival de Vitória, a ABD Capixaba e o Festival de TV e Cinema do Interior (Muqui – FECIN). “Todos esses festivais estão selecionando e, até premiando alguns trabalhos produzidos no curso e apresentados em avant première na mostra Próximos Olhares. Isso é importante para solidificar o reconhecimento das atividades que muitos de nós, professores, técnicos e alunos do curso estamos desempenhando para contribuir com uma produção de qualidade, mesmo feita com baixo orçamento, para renovar o mercado”, conclui Klaus.
Sessão Curta e Grosso
Já tradicional, a exibição apresenta dez curtíssimas de 1 a 3 minutos de duração produzidos por alunos do 1° e 5° períodos de Cinema e Audiovisual. Fique com a proposta de um dos curtas participantes
(Blas)Fêmia, de Adryelisson Maduro e Bipe Couto.
Sinopse – Depois de comparecer a um culto, uma mulher se desprende de alguns dogmas que serviam para oprimir seu corpo e desejo.
“O curta fala sobre corpo e opressão. Essa escolha se deu pela ligação que os próprios realizadores têm com ela. O empoderamento da igreja sobre nossos corpos, em especial o corpo feminino, é algo que, a nosso ver, deve ser desconstruído diariamente. Esse foi o cerne para a idealização e desenvolvimento do nosso trabalho”, explica Adryelisson Maduro, um dos diretores do curta.
Sessão Projeção
Composta por dois filmes, a sessão foca em ficções de curta-metragem produzidas pela integração entre alunos dos cursos de Cinema & Audiovisual e Música. Conheça as duas peças participantes.
Coisa de Menino, de Bipe Couto e Dayana Cordeiro
Sinopse – Descobertas. Perdas. Um abismo entre pai e filho. De forma sensível, o curta “Coisa de Menino” retrata a história de João, um menino de 10 anos, que após a morte da mãe viu a relação com o seu pai, Olavo, se tornar cada vez mais distante. Buscando preencher o vazio, João cria em suas brincadeiras um universo de expectativas, medos, ansiedades e desejos.
“A temática do filme nasceu do interesse de se fazer uma produção de caráter político e consciente. Em uma visão narrativa, pode-se atestar que, antes de tudo, o projeto do curta visa a normalizar questões de identidade, de gênero e contribuir para a discussão sobre comportamentos pré-estabelecidos como sendo de menino ou de menina. Optamos por uma estética narrativa sutil e sem grandes conflitos para que isso se reflita na consciência e no cotidiano do espectador como algo natural”, contam os diretores, Bipe Couto e Dayana Cordeiro.
Abençoados, de Arthur Marques
Sinopse – Quatro jovens recebem a “purificação” de uma seita religiosa degenerada.
“O filme surgiu da vontade de produzir algo no gênero de horror. O roteiro havia sido desenvolvido em outras disciplinas, anteriormente, e com esse projeto veio a possibilidade de produzir. A proposta maior foi a experimentação – isso é o mais legal de cursar no campo das artes, ter a possibilidade de experimentar linguagens e tentar outras abordagens a partir do que é discutido dentro de sala”, conta o diretor do curta Arthur Marques.
Sessão Bota-Fora
Exibição de fechamento da mostra que encerra um ciclo, pois os alunos da primeira turma de Cinema & Audiovisual da Ufes – cujos filmes iniciaram a Próximos Olhares, em 2013 – irão apresentar seus trabalhos de conclusão de curso.
Meu Nome é Fulano, documentário dirigido por Naiara Bolzan, investiga as atividades profissionais exercidas por personagens constantes nos coletivos públicos da Grande Vitória, os baleiros. Outro documentário que também entra na sessão é O que você quer ser quando crescer? de Djalma Batista Pinto. A produção mostra as questões surgidas quando pessoas com mais de 30 anos decidem fazer um curso superior pela primeira vez. E para fechar, Invisível, de Diego de Jesus, aborda as torcidas organizadas do futebol capixaba.
Serviço
A mostra Próximos Olhares Volume 4: Ma(i)s Grave, dos cursos de Cinema e Audiovisual & Música da Ufes, será realizada no dia próximo dia 11, a partir das 18h, no Cineclube Metrópolis – Avenida Fernando Ferrari, 514, Ufes, Campus de Goiabeiras. A entrada é franca.
Nesta edição a Mostra entra como evento de encerramento da programação do I Seminário de Pesquisa em Comunicação, que será realizado entre os dias 8 e 11. Mais informações, aqui.