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Quando a pintura e o bordado se unem numa única experiência artística

 
Ana Lúcia Gonçalves é uma artista plástica de Vitória. Na próxima quinta-feira (11) ela abre a exposição Vir-a-ser, na Dada Galeria, que fica no Centro de Artes da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), no Cemuni II, em Vitória. A mostra é composta por telas de diversos tamanhos que mesclam algumas linguagens artísticas, como o bordado e a pintura que, unidos, trabalham a questão de gênero e a auto representação dela mesma como artista. 
 
Sobre o envolvimento com essas duas linguagens, Ana Lúcia conta que nasceu no meio de uma família matriarcal, em que as mulheres estavam diretamente ligadas à produção da costura e do bordado. “Tive bisavó alfaiate, mãe e avó costureiras. Então a costura de linha, o bordado e a tela já estão na minha vida de forma visual desde criança. Aos treze anos minha mãe colocou-me numa aula de bordado, a partir daí comecei a ter um envolvimento maior com a costura. Só que ao longo do tempo acabei deixando o bordado lado, até que fiz o curso de artes visuais e voltei a essa memória afetiva, retomando ele e integrando à pintura”. 
 
O trabalho de Ana Lúcia parte da fotografia, do autorretrato e, dele é que a artista passa a representar, com o bordado e a pintura, o que esse autorretrato simboliza. Um processo um tanto poético e repleto de linguagens, que para a artista é rapidamente definido de forma simples e objetiva: “Desenho, por meio das linhas, a minha memória como mulher”. Como inspiração para desenvolver o projeto ela cita a portuguesa Cristina Troufa, que escreve sobre si mesma por meio de retratos. Além de outros artistas como Arthur Bispo do Rosário. 
 
Tudo começou quando Ana Lúcia passou a pensar na possibilidade de resgatar a costura e trabalhar isso. Nessa fase ela esteve no Museu de Arte de São Paulo (Masp), onde foi abordada por um poeta local que vendia livros. Nessa abordagem o homem apresentou um de seus escritos e Ana Lúcia enxergou nessa situação o mote de seu trabalho que, futuramente, se tornaria a exposição Vir-a-ser. “O nome do poeta era Ivan Petrovich e ele pediu, gentilmente, que eu lesse um dos poemas. Li esse escrito dele que me falava da criação do ser, do momento de transição pelo qual eu passava naquele momento em questão de linguagem artística”, lembra. 
 
Antes de realizar os trabalhos da mostra autoral, Ana Lúcia foi convidada para participar da exposição Olhar Feminino nas Artes: Caminhos, Veredas, Diversidades, na Galeria Embu das Artes, em São Paulo. Lá ela levou as obras em que retrata uma mulher bordando (foto acima) – que viria a ser a tela que estampa os materiais de divulgação de sua mostra Vir-a-ser. “Essa participação surgiu o convite da Shila Joaquim, uma pintora naifi de São Paulo que reside em São Mateus. A Shila viu, se identificou com o meu trabalho e fez o convite. Para a mostra eu mandei a tela de uma mulher bordando. É uma representação a partir de uma fotografia minha”, explica Ana Lúcia.
 
A artista afirma que a participação foi gratificante, apesar de não ter podido ir na vernissage. Ainda assim recebeu alguns retornos e teve uma boa aceitação no Estado. Além disso, os trabalhos continuam por lá em exibição. Mas agora o foco é no novo trabalho feito de obras ainda não mostradas ao público e que, para Ana Lúcia, representa um trabalho intenso. “A grande questão foi levar essa artesania histórica que conversa com a costura e a pintura para a arte contemporânea”, finalizou. 
 
Serviço
A exposição Vir-a-ser será aberta na próxima quinta-feira e seguirá em exibição a todo o público até o dia 22 de junho, na Dada Galeria, dentro do Cemuni II, na Ufes – Avenida Fernando Ferrari, 514, Goiabeiras, Vitória. A participação é livre.

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