De Waldo Motta a Reinaldo Santos Neves; de artigos científicos a ficções inéditas e, inclusive, ilustradas; a revista Trino passeia pela crítica, teoria e produção de forma experimental. Vale destacar que há muito anos o Estado não tinha a produção de uma revista exclusivamente voltada para a literatura, escrita e impressa em solo capixaba.
Numa rápida folheada pela Trino percebe-se que a revista reúne os principais nomes e temáticas literárias que movimentaram o cenário editorial não só no Estado mas no Brasil. A matéria de capa, escrita pela jornalista Lívia Corbellari, apresenta uma reflexão sobre os caminhos alternativos da publicação, desde o já tão falado e usado financiamento colaborativo até a publicação completamente “independente e de guerrilha”.
João Chagas, escritor e um dos idealizadores da Trino, até destaca que o tema da reportagem de capa é algo que intriga e combina com a revista, já que ela nasce de um processo também independente e dentro da Editora Cousa, já conhecida por seu trabalho no Estado e que, pela primeira vez, aposta no lançamento de uma revista.
João e Lívia são os responsáveis por idealizar a Trino, juntamente com a escritora e jornalista Isabella Mariano. Os três são jovens e carregam para dentro da revista certo frescor típico da geração que domina as novas tecnologias, conseguem entender esse território como uma possibilidade de juntar vertentes, gerar diálogos e agregar pessoas – o primeiro anúncio de existência da revista foi feito há alguns meses na internet e já despertou um bom número de colaboradores encantados com o projeto.
A Trino tem evento de lançamento na próxima sexta-feira (7), às 19h, na Rua Sete de Setembro, Centro de Vitória, em frente ao Bar do Nei, com exemplares sendo vendidos a R$ 15. O cenário do lançamento foi escolhido por ser onde os três, em uma conversa informal de bar, decidiram criar um revista impressa exclusivamente de literatura. “Nós já produzíamos juntos quando integrávamos o 'Cronópio', em que tivemos experiência com a revista Graciano. Após o término do grupo ficou aquela vontade de voltar e fazer alguma coisa. O Saulo, da 'Editora Cousa', um dia conversou sobre a possibilidade de fazermos uma revista impressa, até que certo dia decidimos levar a ideia adiante”, explica Lívia.
O Cronópio foi um núcleo de discussão e produção literária criado dentro da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) que idealizou a revista literária online Graciano. A proposta foi longe até que acabou, há pouco tempo – período suficiente para lançar no mercado editorial de Vitória jovens escritores, como os próprios João Chagas e Isabella Mariano.
João e Livia contam que a relação que desenvolveram dentro do Cronópio foi suficiente para que entendessem cada etapa do processo de criação de uma revista e iniciassem a produção da Trino. No total são 12 colaboradores, com oito textos (entre contos e poemas); quatro dicas culturais; três artigos acadêmicos; duas resenhas; duas matérias jornalísticas; dois textos ilustrados; uma coluna; e uma entrevista.
Para que todo esse conteúdo fosse criado, João, Lívia e Isabella desenvolveram conteúdo, mas também contaram com a colaboração de escritores e pessoas da área de crítica, produção e teoria. Nessa primeira edição os nomes surgiram da rede de pessoas que eles já conheciam, de ex-membros do Cronópio e de pessoas que eles admiravam o trabalho. “Esta primeira edição nós tínhamos que ir na direção de agregarmos pessoas mais próximas mesmo, porque não tínhamos nomes ainda para montar um quadro de pessoas fora dessa lógica. Talvez a partir da segunda edição já poderemos chamar pessoas novas”, avalia João.
A escolha das pessoas que participaram com conteúdo é predominantemente jovem, são contos ficcionais e textos diversos de Aline Dias, Leandro Reis, Yan Siqueira, Juplin Jones, Juane Vaillant, Gabriel Ramos; ilustrações de Ayla Lourenço e Bárbara Cani; além de autores de artigos. E, apesar do grupo jovem que foi naturalmente formado, João e Lívia contam que conseguiram incluir os veteranos que têm produzido literatura no Estado, como os já citados Reinaldo Santos Neves e Waldo Motta.
Com um grupo de colaboradores tão grande, as reuniões foram todas feitas pela internet, coube à equipe de idealização reunir-se com mais frequência para facilitar algumas partes burocráticas. “O conteúdo que fizemos nasce dos anseios de cada um em abordar temáticas e gêneros diversos. Foi muito livre o jeito que fizemos tudo, cada um se enveredou para o lado que tinha mais vontade e fomos dividindo as tarefas mais burocráticas até para podermos agilizar o lançamento da revista”, detalha Lívia.
A primeira edição da Trino tem tiragem de apenas 150 cópias, já que é uma publicação que precisa conquistar público, uma aposta da “Editora Cousa”. A tiragem inicial é pequena mas a aposta do grupo é alta. Lívia, João e Isabella querem lançar duas edições por ano e conseguir romper as divisas capixabas. “Nossa intenção é trabalhar com a literatura brasileira contemporânea como um todo. Dessa forma, vamos buscar desde escritores e patrocinadores de todo o Brasil. Essa tentativa de uultrapassar a divulgação e sair do território local é também o anseio de ser uma consequência de um trabalho bom que as pessoas possam passar adiante” finaliza João.
Serviço
O lançamento da primeira edição da revista “Trino” será realizada na próxima sexta-feira (7), às 19h, na Rua Sete de Setembro, no Centro de Vitória, em frente ao Bar do Nei. A revista vai custar R$ 15.