Foi na noite da última segunda-feira (20) que muitos dos frequentadores da Rua da Lama receberam a notícia de um possível fechamento do bar Birita Casa de cocktail, instalado no espaço há 8 anos por Diogo Cypriano. Seria encerrado também, temporariamente, o projeto Som de Fogueira, que acontece no local há cerca de dois anos todas as terças de forma gratuita ao público.
O motivo para essas decisões foi a apreensão de uma arquibancada (foto ao lado) de iniciativa de Diogo na noite do dia 17 de março. A arquibancada foi idealizada e projetada por Diogo para abrigar parte do público que frequenta o local e não tem onde sentar. O canteiro onde foi colocada a arquibancada também recebia constantes reclamações de acúmulo de lixo, além da instalação de ambulantes. A proposta de ocupar o canteiro foi para sanar esses problemas, visto que a prefeitura não atendeu aos pedidos de fiscalização de Diogo e, em protesto ele, realizou a ação.
“A arquibancada foi um instrumento de protesto. Eu sabia que poderia gerar algum problema com a Prefeitura, mas nunca imaginei que fosse assim. Não recebi notificação para retirar, só vieram e levaram; e ainda ameaçaram me prender”, recorda Diogo.
Em reunião
A mudança das decisões de Diogo em suspender as atividades pode surgir nos próximos dias, visto que pela primeira vez, de acordo com ele, a Prefeitura resolveu dialogar diretamente com ele sobre o Som de Fogueira. A conversa acoonteceu na noite dessa terça (21), com a presença do vereador Fabrício Gandini. O prefeito Luciano Rezende participou por telefone.
“O Luciano resolveu fazer um pedido de desculpas nessa reunião, disse que foi uma situação inusitada – o que ao meu ver não justifica o tratamento ostensivo que tive por parte da polícia e de servidores públicos – e apresentei a ele, diante disso, a minha decepção com o poder público. Só voltarei com as atividades normais do Som de Fogueira se o município amparar a logística”, afirma Diogo.
A logística à qual Diogo se refere são os alguns pontos essenciais considerados por ele para que os eventos do Som de Fogueira possam acontecer sem prejudicar ou colocar em risco o público. Ele pede o fechameno da rua, no intuito de garantir segurança ao público que ocupa o espaço (em torno de mil pessoa); a permissão para realizar apresentações nas noites de terça das 20h às 23h, com liberação sonora; e a fiscalização devida para ambulantes do entorno do evento; além de segurança.
Já sobre as atividades do Birita, Diogo já demitiu alguns funcionários e está avaliando o que fará nos próximos dias. Segundo ele, a desmotivação é imensa.
O projeto Som de Fogueira
O Som de Fogueira é um movimento artístico que reúne bandas e cantores, em sua maioria independentes, em apresentações abertas ao público. Com o tempo, o projeto ganhou a graça do povo e cada vez mais pessoas frequentam o local na terça-feira. O projeto ajudou ainda a dar uma movimentada nas atividades culturais da Rua da Lama, que para Diogo é um espaço desamparado pela Prefeitura.
Já o #Carnafogueira (uma versão carnavalesca do Som de Fogueira, e que chegou com a proposta de uma arquibancada a ser instalada para o público sentar) solicitou o apoio e fiscalização do município neste ano. “No primeiro ano levei uma multa de R$1.500 por ter feito o evento sem a autorização da Prefeitura. Então, nesse ano decidi formalizar tudo e, com a ajuda de alguns amigos, consegui e fui sabatinado por 22 representantes da Prefeitura que avaliaram o projeto e a muito custo aprovaram”, recorda ele.
Acontece que na época de realização do #Carnafogueira, a greve da Polícia Militar chegou e a Prefeitura alegou não poder auxiliar na segurança e logística do projeto. O que Diogo fez, então, foi realizar o evento em um espaço privado e maior. E, após o evento, instalou a arquibancada no canteiro que fica em frente ao Birita, na Rua da Lama – de onde foi retirado como entulho pela fiscalização da Prefeitura.
“Meu lamento é que não existe um olhar promissor para a Rua da Lama. São oito anos atuando no local e vendo o mesmo descaso para projetos como esse. A imprensa gosta de fazer matérias destacando a Rua da Lama cheia de insegurança, fedor, lixo, mas não para para avaliar que é um espaço esquecido pela Prefeitura”, pontua Diogo.
E ainda sobre a reunião, Diogo avalia: “Gandini e Luciano se mostraram preocupados em o movimento acabar, por isso me deram um prazo para formalizar minhas condições com o Som de Fogueira. Minha tristeza é que essa gestão da Prefeitura não auxilia ou dialoga com quem está assumindo alguma responsabilidade na cidade, como eu assumi em promover cultura de forma independente”.