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Samba da Utopia, de Jonathan Silva, é um hino para os tempos que virão

Tempos sombrios se aproximam – ou já começaram?- e é preciso estar preparado, prevenido, mas também com a leveza para enfrentar o que vier. O cantor e compositor capixaba Jonathan Silva nos oferece uma primorosa canção, o Samba da Utopia, gravado este ano e lançado em vídeo às vésperas do segundo turno eleitoral.

Completando 20 anos vivendo em São Paulo, Jonathan, nascido em Vitória, tem três discos gravados (“Benedito”, “Necessário” e “Precisa-se de compositor com experiência”).

Compositor de talento, tem como uma de suas vertentes de trabalho fazer trilhas sonoras para peças de teatro, arte pela qual transita. Foi o caso do Samba da Utopia, composta especialmente para a peça Ledores do Breu, de Dinho Lima Flor, da Cia do Tijolo, da qual o músico também faz parte.

“A peça é inspirada em Zé da Luz, Paulo Freire, construída toda em cima da palavra. Pedia uma música que tivesse como tema principal como mote, a palavra. Quando fiz o Samba da Utopia fiz para a peça, não imaginava que fosse desgarrar dela e virar uma música para a gente cantar na vida, no dia a dia”, conta sobre a canção que já foi compartilhada mais de 2 mil vezes em seu Facebook.

Na gravação, Jonathan canta junto com Ceumar Coelho, acompanhado por músicos e um coro formado por nove pessoas. O videoclipe é dedicado à vereadora Marielle Franco e ao mestre de capoeira Moa do Katendê, ambos assassinados por defenderem suas ideias e pontos de vista.

“Acho que o Samba da Utopia acabou virando um alento pros nossos corações. Estamos cansados desse discurso de ódio, de preconceito. A poesia é uma ferramenta pra encararmos esses tempos sombrios. Vou me armar de poesia até os dentes”, afirma. O videoclipe será lançado no dia 16 de novembro na Casa Teatro de Utopias, no bairro paulistano da Lapa.

Chegado em São Paulo por questões amorosas, o compositor diz que acabou aceitando o desafio de mostrar sua música e poesia em terras paulistanas, mas sem deixar o amor por sua cidade Vitória e o Espírito Santo. Na capital paulista, participa do grupo Gabiroba, que toca e canta o Congo Capixaba. “Se eu não cantar o Congo, eu não  aguento a loucura , a correria de São Paulo”.

Letra do Samba da Utopia

Se o mundo ficar pesado

Eu vou pedir emprestado

A palavra POESIA

Se o mundo emburrecer

Eu vou rezar pra chover

Palavra SABEDORIA

Se o mundo andar pra trás

Vou escrever num cartaz

A palavra REBELDIA

Se a gente desanimar

Eu vou colher no pomar

A palavra TEIMOSIA

Se acontecer afinal

De entrar em nosso quintal

A palavra tirania

Pegue o tambor e o ganza

Vamos pra rua gritar

A palavra UTOPIA.

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