Vídeos, que poderão ser assistidos no YouTube, serão alguns dos materiais anexados ao pedido de tombamento histórico da festa
Quem se interessa por informações a respeito da Festa Raiar da Liberdade, que acontece todo dia 13 de maio na Comunidade Quilombola de Monte Alegre, em Cachoeiro de Itapemirim, no sul do Estado, poderá assistir gratuitamente a uma série produzida pela Associação de Salvaguarda do Patrimônio Imaterial Cachoeirense. São três episódios com depoimentos de moradores da comunidade, falando sobre a festa e sua importância para o quilombo.
O primeiro episódio já está disponível no canal da Associação no YouTube. Chama-se O Caxambu Santa Cruz e o Raiar da Liberdade, que conta a relação da história do Caxambu com a festa. O do dia 11 de agosto é A Festa Raiar da Liberdade, que trata da importância do evento para a comunidade e a preservação da memória. Por último, no dia 12, estará disponível o episódio A Roda de Caxambu e seus Mistérios, tratando da questão mística.
A série foi realizada com financiamento Fundo de Cultura do Estado do Espírito Santo (Funcultura). Será parte do material a ser apresentado para dar entrada no pedido de tombamento da festa como patrimônio histórico imaterial. Segundo o presidente da Associação Salvaguarda do Patrimônio Imaterial Cachoeirense, Genildo Coelho, será preenchido o Inventário Nacional de Referências Culturais, documento padrão do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). Nesse inventário, serão anexados diversos materiais.
Genildo, que é pesquisador da área do patrimônio imaterial, afirma que o Raiar da Liberdade é uma festa que lembra o processo de luta do povo negro. “A gente comemora a vitória de uma revolução que começou no chão da senzala, é uma festa que acontece em uma comunidade onde foi formado um quilombo, organizado por negros que fugiram de fazendas da região”, conta.
Ele narra que, em 13 de maio de 1888, a notícia da abolição foi recebida via telégrafo, comunicada pelos fazendeiros aos escravos, que no mesmo dia foram para a praça da cidade, onde começaram a fazer seus batuques em frente à Câmara Municipal. O presidente da Casa de Leis tentou se apropriar da comemoração, tirar o protagonismo dos negros, distribuindo comida e bebida. Dias depois, sem emprego, comida, moradia e outros direitos, os negros voltaram para as fazendas, permanecendo no regime de escravidão.