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Som de Fogueira completa quatro anos de ‘Resistência Cultural’

Resistência Cultural é a expressão que o projeto Som de Fogueira gosta de usar para se definir. Foram muitos motivos para desistir, mas o projeto que promove a música autoral na Rua da Lama, em Jardim da Penha, Vitória, está comemorando quatro anos de existência com uma super edição nesta terça-feira (18), a partir das 18h.

Tudo começou no final 2014, quando Diogo Cypriano, proprietário do Birita Casa de Cocktail, conversou com o amigo Eliahu, integrante da banda Lion Jump, sobre a possibilidade de começar um projeto com música autoral no local. No início funcionava mais como uma jam session, reunindo músicos de várias bandas que se juntavam e tocavam às terças-feiras, data em que geralmente possuem menos atividades de trabalho na noite.

Com o tempo, o grupo consolidou-se e acabou virando uma banda. O Som de Fogueira é, então, um evento e uma banda, que lançou seu primeiro EP, Criado na Rua da Lama, com cinco músicas no ano passado. Além das terças-feiras na Rua da Lama, o grupo também toca em outros eventos, ajudando a gerar recursos, já que no Som de Fogueira não se cobra entrada ou couvert artístico. A banda residente costuma convidar outros grupos de ritmos diversos para tocar na mesma noite.

Música autoral e terça-feira parecem uma combinação que teria tudo para dar errado para quem avalia a cena capixaba a partir do senso comum. Mas foi o contrário. O Som de Fogueira virou um ponto de encontro e um espaço raro na Capital, mobilizando em média mil pessoas por edição segundo os organizadores, podendo reunir até 5 mil participantes durante o CarnaFogueira e os eventos de aniversário, como o que acontece esta semana.

“Isso mostra que há muita carência para a cena autoral. O que acho mais legal é que o projeto se oxigenou. Normalmente os projetos costumam acabar muito rápido, ser uma moda passageira. Mas conseguimos nos manter de forma crescente em quatro anos”, afirma Diogo Cypriano.

Mas não foi fácil. Segundo o idealizador do projeto, foram muitas vezes em que deu vontade de desistir, mas a persistência e vontade de ver acontecer seguraram a onda. Nos primeiros seis meses, o resultado foi pouco. “Nas primeiras edições só tinham músicos. Os que iam tocar e os que queriam dar uma canja”, conta. Mas com o tempo a formação de público foi se consolidando, aproveitando também o espaço de circulação da Rua da Lama, um point da boemia universitária e alternativa. O evento, como diz seu criador, passou a fazer parte da rotina cultural da cidade. Seu público sabe que terça-feira é só chegar que vai ter agito por lá.

Alguns dos problemas que surgiram e ameaçaram o projeto acabaram ajudando a consolidá-lo. Em 2016, querendo evitar o depósito de lixo no canteiro central em frente ao palco, o dono do Birita's colocou uma pequena arquibancada de metal, com três degraus no local, o que caiu no gosto do público. Mas não do poder público, que ordenou a retirada. A polêmica fez com que a prefeitura tomasse conhecimento do evento, que com a pressão conseguiu reverter e manter a mini-arquibancada.

O evento já havia ganhado as ruas e transbordado a pequena varanda do bar e calçada. A partir desse primeiro contato que foi possível também fazer o óbvio, que era fechar a rua às terças-feiras enquanto acontece o evento, evitando o risco de acidentes e outros problemas por conta do fluxo de carros.

Também vieram as denúncias no Disk Silêncio. Em março deste ano o Birita foi multado em R$ 10 mil depois de denúncia de outro bar da região. Em protesto, o evento ficou sem acontecer por três semanas, até que as autoridades se dispusessem a negociar. A força da cena era demais para ser desprezada.

A partir daí, o evento ganhou reconhecimento da prefeitura, que disponibiliza equipamento de som de melhor qualidade. Mas Diogo acha que ainda é preciso fazer mais, já que o Som de Fogueira contribui para a movimentação cultural de Vitória, com atividades gratuitas em espaço público. Uma das contribuições que ele entende como necessária por parte do poder público seria na remuneração dos artistas e produtores culturais pelas apresentações e construção do evento. O pedido para instalação de um palco, como no aniversário, não foi possível para este ano, em que o evento acontece na mesma “varandinha” do Birita.

Nesta edição especial de aniversário, o evento vai ser aberto pelos DJ’s do Beco do Reggae e show com o convidado Metteoro. Depois disso, se apresenta o Som de Fogueira com participação de diversos convidados que participaram do movimento cultural ou gravaram com o grupo: Fernandes (da banda Caixadá) Eliahu , (Lion Jump), Leonardo Norbim, Higo (Trio Mafuá), Vinicius Caranguejo (Forró Bemtivi), Flávio Marão (Projeto Feijoada), Renato Casanova (Casaca).

AGENDA CULTURAL

Aniversário de 4 anos do Som de Fogueira

Quando: 18 de dezembro, 18h às 22h

Onde: Em frente ao Birita Casa de Cocktail – Avenida Anísio Fernandes Coelho (Rua da Lama), Jardim da Penha – Vitória/ES

Atrações: DJs Beco do Reggae, Metteoro e Som de Fogueira.

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