sexta-feira, novembro 22, 2024
24.9 C
Vitória
sexta-feira, novembro 22, 2024
sexta-feira, novembro 22, 2024

Leia Também:

‘Sou a mensageira que anuncia a transmutação que nomeamos Travesti’

Destaque na Alemanha, Castiel Vitorino reflete em video-performance sobre fronteiras e intercessões de gênero e raça

Uma noite sem lua é o nome da poética e provocante vídeo-performance lançada pela artista capixaba Castiel Vitorino Brasileiro. Desconstrução é uma palavra-chave nesta e em suas obras anteriores localizadas na interseção entre a psicologia, ancestralidade, espiritualidade e as questões de gênero e raça. A obra está disponível para ser assistida até dia 5 de novembro na plataforma Kuir, criada em Berlim, na Alemanha, para abrir espaço para a poesia queer e LGBTQIA+.

São 27 minutos de imersão numa poética envolvente do texto da artista dialogando uma série de imagens que vão desde cenas por ela registrada em Vitória, Guarapari e São Paulo, passando por arquivos de cerimônias religiosas de matriz africana, imagens do universo registrada pela Nasa e o próprio corpo de Castiel, como a mais íntima possibilidade de expressão e comunicação.

Afirmar a condição do corpo dissidente das normatizações sociais, não para fixá-lo como outra categoria a ser aceita, mas justamente para questionar e destruir essas normas impositivas e estáticas. “Existem mais mistérios entre o Brasil e as pombas giras do que o Queer pode prever”, diz em uma máxima shakesperiana anti-colonial. “Abandonar linearidade e assumir a encruzilhada”, aponta Castiel em sua poética que indaga sobre trauma e cura para além da psicologia tradicional, buscando os vínculos da espiritualidade ancestral. “A espiritualidade travesti é uma catástrofe”, provoca.

Reprodução/ Vimeo

Reflexões sobre travestilidade e transmutação, sobre amor como antídoto do medo, os limites do veneno e da mandinga, a imprevisibilidade e o hibridismo como apostas e propostas. “Pois o limite das linguagens usadas para descrever nossas transfigurações, é a palavra. A palavra Travesti é um limite, um convite e um lembrete. E minha escuridão pré-existe à raça e ao gênero. A comunidade é, ao mesmo tempo, veneno e mel. Eu sou bantu. Eu sou a mensageira que anuncia a transmutação que nomeamos de Travesti”, diz o texto.

“Esse é meu novo filme. Uma oferenda a nós. Um sacrifício a nós. Estou incrivelmente emocionada com esse trabalho desenvolvido no primeiro semestre de 2020”, disse a artista no lançamento nas redes de Noite Sem Lua, obra em que assina direção e edição, com trilha musical de Jhonatta Vicente e finalização de Roger Ghil, contando com financiamento da Subprefeitura Friedrichshain-Kreuzberg, Berlim (Alemanha).

Também na capital alemã, Castiel Vitorino Brasileiro participa de 5 de setembro a 1 de novembro da 11th Berlin Biennale, a bienal de Berlim, com a obra “No antiquário negociei o tempo“, uma série de cinco autorretratos feitos em 2018 durante o I Programa de Residências Artisticas do Valongo – Festival Internacional da Imagem, em Santos (SP).

Divulgação


Devorando o colonialismo

“Devorações tem dois significados: o de comer e o de destruir. Por três dias nós comemos verdades e destruímos


https://www.seculodiario.com.br/cultura/devorando-o-colonialismo


Malungas: uma exposição sobre racismo, sexismo e cura

Na sala do museu, a artista Kika Carvalho empilha em sequência cerâmicas em forma de bonecos negros, que depois caem, um a um, feito domin


https://www.seculodiario.com.br/cultura/malungas-uma-exposicao-sobre-racismo-sexismo-e-cura


Webdoc Corpo Flor reflete sobre negritude e sexualidade

Corpo flor. A expressão tomada emprestada da artista Castiel Vitorino deu nome ao projeto audiovisual de Izah Candido e Wanderson Viana, que ab


https://www.seculodiario.com.br/cultura/webdoc-corpo-flor-reflete-sobre-negritude-e-sexualidade

Mais Lidas