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Teatro de Cachoeiro segue sem previsão de retomar funcionamento

Casagrande chegou a anunciar R$ 5 milhões para a reforma; espaço está parado desde 2020

Divulgação

O Teatro Municipal Rubem Braga, em Cachoeiro de Itapemirim, no sul do Estado, está sem funcionamento desde que foi atingido por uma enchente, em janeiro de 2020. Em maio deste ano, o governador Renato Casagrande (PSB) anunciou que havia autorizado um convênio com a Prefeitura de Cachoeiro, para repassar R$ 5 milhões para a reforma do espaço. Mas, passados cinco meses do anúncio, ainda não há sinal de obra no local.

A situação foi mencionada pelos vereadores Osmar Chupeta (Republicanos) e Ary Corrêa (Patriota), ambos de oposição ao prefeito Victor Coelho (PSB), em recente sessão ordinária da Câmara Municipal. No início de outubro, durante a audiência pública da Caravana de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa, o tema também foi abordado, com destaque para o fato de que foi instalado, no início deste ano, um tapume metálico no entorno do teatro, para evitar que seja utilizado por pessoas em situação de rua.

“É uma construção hostil. Eu estive lá conversando com pessoas em situação de rua, e me falaram que tinham ocupado o teatro, já que ele não estava sendo devidamente utilizado, mas foram retirados. Antes disso, o teatro tinha sido depredado. Essa situação é muito mais profunda, representa o descaso do poder público”, denunciou, na ocasião, a representante do Conselho Municipal de Política Cultural de Cachoeiro, Amanda Malta.

Quando a proteção metálica foi instalada, parte da população chegou até mesmo a considerar que a reforma estava prestes a começar. Entretanto, logo ficou claro que a real intenção era evitar que a fachada do teatro fosse ocupada. Atualmente, pessoas em situação de rua costumam ficar na parte de trás do prédio, em frente a uma das entradas do estacionamento de um supermercado.

Projetos de reforma

Inaugurado em 28 de abril de 2000, o Teatro Municipal Rubem Braga chegou a alcançar média de 35 mil espectadores por ano, de acordo com a Prefeitura de Cachoeiro. A enchente que o danificou ocorreu no mesmo ano em que completaria 20 anos de funcionamento. Ainda em 2020, quando a pandemia de Covid-19 já havia surgido, a gestão do prefeito Victor Coelho informou que os projetos para a reforma estavam sendo elaborados internamente.

Entretanto, de acordo com a Prefeitura, foi necessário contratar uma empresa especializada para a elaboração dos projetos de cenotécnica, iluminação cênica, sonorização, acústica e ambientação, o que só ocorreu em maio de 2022. Victor Coelho assinou o contrato com a empresa durante uma solenidade oficial organizada apenas para a exibição desse ato, realizada em frente ao teatro.

Com os projetos finalizados, a prefeitura noticiou, em setembro do ano passado, a licitação para a reforma do teatro – que, segundo a gestão de Victor Coelho, transformaria o espaço em um dos mais modernos e bem equipados do Espírito Santo -, que estava prevista para ocorrer ainda em 2022. Em fevereiro deste ano, a administração municipal informou novamente que estava em conversas com o Governo do Estado para captação dos recursos da obra, orçada em R$ 4,5 milhões.

Promessa do governador

O governador Renato Casagrande esteve em Cachoeiro em 4 de maio de 2023 para participar da abertura da ExpoSul Rural, um evento de agronegócio do município. Foi nessa ocasião que, entre outros anúncios, confirmou que o repasse dos recursos para a reforma estava autorizado.

“Nós hoje acertamos com o prefeito Victor o convênio para reformar o Teatro Rubem Braga, que é um investimento de R$ 5 milhões. Cachoeiro de Itapemirim é fonte de cultura, é um berço cultural do nosso país, do nosso estado. Então, reformar o teatro é fundamental”, discursou Casagrande na ocasião, mais de cinco meses atrás. 


‘Trâmites’

A Secretaria de Cultura de Cachoeiro confirmou que o recurso já está garantido para a obra, mas que “os projetos específicos precisaram passar por trâmites das secretaria estaduais envolvidas na reforma e, principalmente, na própria pasta municipal, que acompanha e aguarda a aprovação pelo Estado dos documentos para celebração do convênio para o início do processo licitatório”.

A secretaria afirma “que foi necessária a adequação do espaço situado do lado de fora do teatro para preservar o patrimônio público” e que “em nenhum momento, tomou essa decisão para hostilizar ninguém e sim para evitar atos de vandalismo, que não necessariamente são cometidos por pessoas em situação de rua”. Além disso, aponta que “o atendimento a essas pessoas já faz parte das politicas publicas adotadas pelo munícipio”, citando como exemplo o 

“Espaço Vida”, Centro de Referência Especializado para Pessoas em Situação de Rua (Centro Pop)”.

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