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Teatro Glória será palco de duas peças que retratam a solidão

 
Vizinhos é o mais recente espetáculo do Grupo Z de teatro; enquanto Viajante, já passou por algumas temporadas na Grande Vitória. As duas, escritas e dirigidas por Fernando Marques, entram em novas temporadas no Teatro Glória, Centro de Vitória, quase na mesma época. Vizinhos terá exibição nos dias 28 de fevereiro;  1, 7 e 8 de março; e Viajante terá apresentação nos dias 3, 4, 5 e 6 de março. 
 
E suas coincidências não param por aí, além de serem obras do mesmo diretor, foram escritas no mesmo período de tempo, como conta Fernando Marques. “Fui convidado pelo ator Luiz Carlos Cardoso a escrever Viajante, enquanto isso Vizinhos também já estava sendo pensado com o Grupo Z. A intenção era que os dois processos acontecessem em tempos distintos, mas por questões adversas e viagens em cima da hora, os espetáculos acabaram sendo montados na mesma época.  Dessa forma, foram construídos a partir da mesma linha de criação, cujos textos são escritos na medida em que as peças vão sendo montadas e tomam forma”. 
 
Os dois processos feitos ao mesmo tempo não fizeram com que as peças se assemelhassem em suas tramas, mas, quando Fernando ia para casa escrever, se via, por vezes, colocando a voz narrativa de um personagem em outro. “No final das contas, acho que um processo acaba colaborando com o outro, é enriquecedor para os dois lados, inclusive porque o texto é o resultado do que acontece na sala de ensaio; a partir do meu encontro com os atores é que tudo toma forma. Então os dois se ajudaram, se colaboraram, é esse a minha visão do resultado”, explica ele sobre o processo que foi mútuo, mas bem definido acerca das particularidades de cada obra. 
 
Em Vizinhos, a solidão move o enredo da história que envolve dois homens cujas vidas se separam pelas paredes do apartamento. Vizinhos de porta, eles se encontram periodicamente, mas não sabem nada um do outro, o que transporta o público a pensar sobre as relações pessoais contemporâneas. “ A peça aborda a nossa vivência nos centros urbanos, onde as pessoas vivem mais próximas umas das outras em questão de ocupação de espaço, mas ao mesmo tempo estão muito distantes”, destaca Fernando.
 
Já em Viajante, a solidão está mais presente pelo fato de ser um monólogo, do que como uma questão temática, mas ela está lá de acordo com o diretor. “ O Luiz interpreta um andarilho que conta um pouco dos personagens que conheceu ao longo de suas caminhadas, onde cada um deles traz um conflito. Tem a Júlia, uma mulher que passa quase toda a vida esperando por um homem que nunca vem; ou o Marcílio que, ao voltar para sua cidade natal, começa a questionar a própria trajetória. São conflitos particulares permeados, sim, pela solidão”, arrematou.  
 
A duas peças entram de tempos em tempos em curtíssimas temporadas e, Vizinhos, ainda será mais trabalhada ao longo do ano com novas apresentações, já que essa é só sua segunda leva de exibições, a primeira foi no final de 2014. “No Grupo Z temos a proposta de os espetáculos terem o maior tempo possível de exibição. O Insone, por exemplo, que estreou por volta de 2011 – tendo atualmente quatro anos – permanece em nossas apresentações, claro que com menor frequência porque lidamos com um público que se esgota, mas nossa proposta como grupo de teatro é essa de amadurecer a peça, deixar a história viver”, ponderou o diretor. 
 
A possibilidade de manter os espetáculos em temporadas pequenas ao longo de vários anos só existe porque o Grupo Z conta, atualmente, com um espaço próprio de apresentação, a Má Companhia, localizada no Centro de Vitória. Por lá eles dividem a sede com o grupo Repertório e, assim, organizam as temporadas das peças conforme o período que acham necessário, já que também usam o espaço para realizar apresentações de suas peças. 
 
Ao ser perguntado sobre a característica do Grupo Z em manter os espetáculos em cartaz por longo tempo, Fernando explica que essa pode até ser uma característica do grupo, mas também é uma condição a mais que eles têm em relações aos outros. “A ausência dos espaços é o grande problema na Grande Vitória para os grupos teatrais que não tem locais próprios de apresentação. Ao acabar as verbas dos editais de circulação de espetáculos, esses grupos se veem sem outros espaços para manterem seus trabalhos e, assim, as obras vão saindo de circulação, coisa que não acontece conosco, pois continuamos nossas apresentações em nossa sede”. 
 
Ainda sobre o Gupo Z de teatro, nesse primeiro semestre de 2015, eles irão manter mais apresentações de Vizinhos. O objetivo é, primeiramente, circular por Vitória para depois ampliar as apresentações. “Para nós não é saudável manter uma produção em série, não conseguimos vivenciar e nos expressarmos como artistas. Mas depois voltaremos para a sala de ensaio, inicialmente para uma oficina interna, que é quando reciclamos aspectos técnicos. Querendo ou não, são momentos como esses que nos dão material para começarmos a pensar em novos e futuros trabalhos”, finalizou Fernando. 
 
Serviço
 
– A peça Vizinhos, do Grupo Z de teatro, entra em nova temporada com quatro apresentações no dias 28 de fevereiro; e  1, 7 e 8 de março, às 19h, no Centro Cultural Sesc Glória – av. Jerônimo Monteiro, 428, Centro de Vitória. Os ingressos custam R$ 10,00 (inteira); R$ 5,00 (meia); e R$ 3,00 (comerciários). 
 
– A peça Viajante, com Luiz Carlos Cardoso, também entra em nova temporada de quatro apresentações nos dias 3, 4, 5 e 6 de março, às 20h30, no Centro Cultural Sesc Glória – av. Jerônimo Monteiro, 428, Centro de Vitória. Os ingressos custam R$ 10,00 (inteira); R$ 5,00 (meia).  

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