Em época de discussões e decisões em torno da redução da maioridade penal de 18 para 16 anos, o CineDefensoria, projeto de extensão da Defensoria Pública em parceria com a Associação de Defensores Públicos do Espírito Santo e o Cine Metrópolis, da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), realiza nesta quarta-feira (1), às 19h, a exibição do documentário Juízo, com o intuito de levantar uma discussão com o público sobre a polêmica temática.
Essa será a segunda edição do CineDefensoria, projeto que tem por objetivo fomentar a análise e a discussão de temas importantes socialmente a partir da exibição de filmes e documentários relacionados aos Direitos Humanos. Além da exibição, o público é convidado a usar o espaço para discutir o tema do filme. A participação no evento é livre.
Juízo, uma ficcionalização da realidade
Realizado e lançado em 2007, Juízo é de fato um documentário, entretanto feito com uma estratégia diferente, enquadrado na ficção. A diretora Maria Augusta Ramos tinha a proposta de construir um documentário com adolescentes em conflito com a lei, em fase de privação de liberdade e prestes a passar por audiência. Mas, diante do impasse de não poder revelar os nomes e os rostos dos jovens, por determinação do Estatuto da Criança e do Adolescente, Maria Augusta trabalhou com jovens que não eram internos do sistema, mas que não eram propriamente atores.
A proposta da diretora foi fazer com que esses adolescentes, alguns com histórias de vida até semelhantes às dos adolescentes em conflito com a lei, pudessem colocar mais realismo em cena, uma espécie de autenticidade creditada aos não-atores (proposta bastante defendida pelo diretor francês, Bresson).
Dessa forma, Maria Augusta apresenta a história real de meninos e meninas em conflito com a lei a partir da interpretação de outros adolescentes – ela ainda conseguiu incluir no elenco um jovem infrator atua como ator. E, assim, Juízo acompanha a fase de prisão e julgamento de casos reais.
Entre as encenações há ainda cenas filmadas em audiências reais e durante visitas ao Instituto Padre Severino, no Rio de Janeiro. O material colhido e as história encenadas se unem para pôr em discussão as condições a que os jovens infratores são submetidos, a partir do momento da privação de libertade nos espaços de alojamento. Sem condições alguma de ressocialização, sem atividades de ocupação, em espaços lotados e mal estruturados.
A diretora, antes de produzir Juízo, foi premiada pelo documentário Justiça, que apresenta o cotidiano de um Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, incluindo as pessoas trabalham no local, como promotores, defensores públicos e juízes; e réus.
Serviço
O CineDefensoria será exibido nesta quarta-feira (1), às 19h, com o filme Juízo, de Maria Augusta Ramos, seguido de discussão com o público. A sessão será realizada no Cine Metrópolis – Avenida Fernando Ferrari, 514, Goiabeira, Vitória. A entrada é livre.