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Tombamento histórico em Cariacica ameaçado por falta de resposta da Sesa

Município ainda não obteve resposta da Secretaria de Estado de Saúde sobre declaração de interesse público

O tombamento histórico dos espaços que compreendem o Hospital Pedro Fontes e suas colônias, em Padre Mathias, Cariacica, correm o risco de não ser concretizado por falta de resposta do governo do Estado. A demanda foi encaminhada pela gestão do prefeito Geraldo Luzia de Oliveira Júnior (Cidadania), o Juninho, por meio da Secretaria Municipal de Cultura. De acordo com a secretária, Renata Wexter, foi solicitada uma declaração de interesse público ao secretário estadual de Saúde, Nésio Fernandes, mas não houve qualquer retorno ainda em relação à solicitação. 

Renata explica que o hospital e as colônias são de responsabilidade do Estado, tendo o município autonomia no que diz respeito ao tombamento histórico somente do cemitério e da capela. Uma das preocupações, segundo a secretária, é cumprir com o objetivo de fazer o tombamento ainda este ano, já que não há garantias de que a gestão que assumir em janeiro irá levar adiante esse projeto, que, explica, tem como objetivo a preservação da história para que não seja esquecida nem repetida.

capela. Foto: Leonardo Sá

Procurada por Século Diário, a Secretaria Estadual de Saúde (Sesa) afirma que tem conhecimento da solicitação e vai encaminhar o processo para parecer da Secretaria de Estado da Cultura (Secult), entretanto, não informou quando isso será feito. 

A Secretaria Municipal de Cultura vai estipular um prazo para recebimento da declaração de interesse público por parte do governo do Estado, que será até meados de novembro. Caso a gestão pública estadual não responda, o município irá tombar a parte que compete a ele, que são o cemitério e a capela. “Mas gostaríamos muito de tombar as demais nessa gestão, que termina em dezembro”, afirma a secretária Renata.

Além da Secretaria Municipal de Cultura, o tombamento também é uma reivindicação do Movimento de Reintegração das Pessoas Atingidas pela Hanseníase (Morhan) e da Associação dos Ex-Internos do Preventório Alzira Bley. De acordo com o presidente da Associação, Heraldo José Pereira, o Morhan defende o tombamento dos leprosários e demais estruturas relacionadas ao isolamento compulsório de pessoas com Hanseníase não somente no Espírito Santo, mas em todo o país. 

O tombamento, explica Renata, possibilitará captação de recursos para restauro e preservação dos equipamentos da região, como o Educandário Alzira Bley, a capela e o cemitério. Além da preservação da memória, a iniciativa pode contribuir para o desenvolvimento do turismo, beneficiando a comunidade, que poderá, por exemplo, receber pessoas para visitas guiadas e potencializar iniciativas de economia criativa já existentes entre os moradores. A secretária acrescenta que a região é composta por nascentes, portanto, o tombamento é importante para a preservação ambiental. Outro benefício é o de evitar a ocupação desordenada do território, que já começou a acontecer, relata.
O Hospital Pedro Fontes foi criado em 1937 para isolar pacientes com hanseníase, doença também conhecida como lepra, normalmente retirados de maneira violenta do convívio familiar e social. Os filhos dos internos, por sua vez, eram encaminhados para o Educandário Alzira Bley, também em Cariacica, criado em 1940. O leprosário, também chamado de Colônia de Itanhenga, nasceu no contexto da política de isolamento e internação compulsórios de pacientes com hanseníase no primeiro governo do presidente Getúlio Vargas. Com a descoberta da cura da doença, o fim da internação compulsória aconteceu em 1962, mas há registros de que continuaram a acontecer, em todo o país, até a década de 1980. 
“É uma história muito triste. A gente não quer que a memória seja esquecida, pois a sociedade tem débito com aquelas pessoas excluídas dos seus direitos. Demorou muito para que a internação compulsória caísse por terra, mas mesmo com seu fim, ela deixou consequências nefastas para as pessoas”, diz Renata.


Filhos da hanseníase exigem pensão vitalícia do Governo do Estado

O grupo se articula com a Assembleia Legislativa para reparar danos causados pela política de isolamento compulsório


https://www.seculodiario.com.br/justica/filhos-da-hanseniase-exigem-pensao-vitalicia-do-governo-do-estado

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