Mais na coluna: prefeitura coprodutora do Jesus Vida Verão; Encontro de Animadores; acessibilidade; e Lei Paulo Gustavo
Os moradores da Capital acompanharam, sem surpresas, a denúncia da Associação Grupo Orgulho Liberdade e Dignidade (Gold) de que a Prefeitura de Vitória não tem dialogado com a entidade para fazer a sua parte na organização da Parada do Orgulho LGBTQIAPN+ e da Semana da Cidadania, como garantidora de políticas públicas para todos os segmentos que deveria ser.
Enquanto isso, basta olhar no site da prefeitura para ver o quanto a gestão municipal se esforçou para a realização do Jesus Vida Verão, no último sábado (8), em Camburi. Para além das atrações musicais, o evento foi marcado também pela sanção de uma nova lei pelo prefeito de Vitória, Lorenzo Pazolini (Republicanos), que inclui o Jesus Vida Verão no calendário anual do município, garantindo que seja realizado todos os anos. A pergunta é: por que uns e não outros?
Coprodutora
No site da prefeitura, na matéria “Jesus Vida Verão reuniu mais de 30 mil pessoas em Camburi”, o secretário municipal de Cultura, Edu Henning, falou que “a prefeitura se envolveu desde o início porque estamos na produção, não é apenas um apoio ou colaboração, mas sim uma coprodução com os organizadores do Jesus Vida Verão, que não aparecia por aqui há 14 anos. Com total aval e coordenação da gestão, conseguimos concretizar essa ideia, trazendo um público extremamente receptivo e emocional”. Em alguns eventos a gestão Pazolini se coloca como coprodutora, com outros, nem ao menos quer dialogar.
Impacto na economia
Na mesma matéria, é destacada a atuação de ambulantes no Jesus Vida Verão e o prefeito afirma que “além do impacto espiritual e religioso, que é grandioso e importante, temos toda a cadeia econômica produtiva, ou seja, o aquecimento da economia. Isso traz um relacionamento com as atividades e com os comerciantes locais. Um ganho positivo tanto para a religião e espiritualidade quanto para o impacto positivo na economia”. Entretanto…
Impacto na economia II
…a Parada do Orgulho LGBTQIAPN+ e a Semana da Cidadania também trarão impactos positivos na economia, inclusive, beneficiando uma região de Vitória na qual há muitas pessoas em situação de vulnerabilidade social, já que os ambulantes serão moradores da Grande Santo Antônio, que abrange os bairros Ariovaldo Favalessa, Caratoíra, Bela Vista, Morro do Cabral, Morro do Quadro, Estrelinha, Grande Vitória, Ilha do Príncipe, Inhanguetá, Mário Cypreste, Santa Tereza, Santo Antônio e Universitário.
Repeteco
A falta de apoio para a Parada não surpreende ninguém. O mesmo aconteceu em 2022, mas não foi suficiente para que, naquele ano, o evento não ocorresse. Contudo, em 2023 foi dada uma pausa, e espera-se que em 2024 volte a todo vapor, levando para as ruas de Vitória o debate sobre o respeito à diversidade e o racismo ambiental, que é o tema trazido pela Gold. No entanto, o argumento de que “a comunidade LGBTQIA+ não faz parte da nossa política”, utilizado em 2022 pelo então secretário municipal de Cultura, Luciano Gagno, para não apoiar o evento, parece estar muito vivo ainda hoje e pode ser um fator complicador.
Eleitorado
A questão é que, candidato à reeleição, Pazolini precisa concentrar esforços para agradar um grupo que em grande parte compõe o seu eleitorado, que é o público evangélico. Assim, realizar o Jesus Vida Verão após 14 anos de pausa e inserir o evento no calendário anual do município é uma boa pedida. Já apoiar a Parada do Orgulho LGBTQIAPN+ e a Semana da Cidadania traria insatisfação para muitos que compõem esse mesmo público que ele busca conquistar.
Desigualdade
O tratamento entre os mais diversos segmentos na Capital é tão desigual, que para sancionar a lei que inclui o Jesus Vida Verão no calendário anual do município, o prefeito fez assinatura no palco do evento, mediante o público. Contudo, para quem não lembra, quando foi aprovada a inclusão da entrega do balaio de Iemanjá no mesmo calendário, a lei foi sancionada de forma tácita, após o gestor não se posicionar sobre o assunto.
Dinheiro na conta
Poucos dias após Século Diário publicar matéria na qual artistas contemplados na Lei Paulo Gustavo denunciaram que ainda não haviam recebido o pagamento para execução dos projetos, a gestão de Lorenzo Pazolini finalmente depositou o dinheiro. Foram mais de dois meses de atraso, prejudicando o início dos projetos e causando prejuízos a diversos artistas, que já poderiam ter recebido para atuar nas mais diversas áreas culturais contempladas no edital.
Encontro de Animadores
Encontro de Animadores II
Os curtas exibidos serão Uma Mão Anima a Outra, de Beatriz Belo, Denise Cunha, Leui Weinert, Mariana Fogo, Paula Abril Marinho; O Sonho de Clarice, de Fernando Gutiérrez e Guto Bicalho; Somnus, de Sofia Travassos; Qual é o meu Pedido?!“, de Rebeca Nigri; Um Finde, de Helena Coelho e Rebeca Nigri; Plástico Bolha, de Toni Soares; Desalocada, de Isabela Firmo; Desconectado e Jogaram o César Fora, ambos de Alice Kupac; Mirmecofaga, de Yohana Lazarova e Natália Penque; Pressure, de Che Marcheti; Maréu, de Nicole Schlegel; Dona Biu, de Gabriela Taulois; Reel, de Aída Queiroz e César Coelho (SP) e Vapor Speranza, de Maurício Squarizi.
Bizarros Peixes das Fossas Abissais
Na próxima quinta-feira (20), acontecerá a exibição de Bizarros Peixes das Fossas Abissais, o primeiro longa-metragem do animador Marcelo Marão, do Rio de Janeiro. No filme, uma heroína tem o superpoder de metamorfosear seus glúteos em um feroz e imenso gorila. Contando com a ajuda de uma tartaruga com transtorno obsessivo-compulsivo e uma nuvem com incontinência pluviométrica, a protagonista deve juntar cacos de um vaso para formar um mapa em uma jornada até as profundezas do oceano. Bem curioso!
Teca e Tuti
Com direção de Eduardo Perdido, Tiago MAL e Diego M. Doimo, Teca e Tuti: Uma Noite na Biblioteca será exibido na sexta-feira (21), às 18h20. Voltada para o público infantil, a obra tem como protagonista uma pequena traça que se chama Teca, que vive com sua família e seu cachorro de estimação, Tuti, em uma caixa de costura. Ambos gostam de comer papel, mas quando Teca aprende a ler, percebe que os livros não podem ser comidos, pois guardam as histórias que ela adora. Decididos a resolver um grande mistério, Teca e Tuti partem para a biblioteca, em busca da história mais importante de suas vidas.
Processos de criação
No sábado (22), às 18h20, o público poderá conhecer os processos de criação dos filmes Bizarros Peixes das Fossas Abissais e Teca e Tuti: Uma Noite na Biblioteca. Também serão exibidas as obras Um Finde, de Helena Coelho e Rebeca Nigri; Mirmecofaga, de Yohana Lazarova e Natália Penque; Dona Biu, de Gabriela Taulois; Maréu, de Nicole Schlegel; Noturno, de Aída Queiroz; Os Bons Tempos Voltaram, de Eduardo Sarmento; Who Wants To Live Forever, de Matteo Valenti; e Vinhetas Firjan, de Sandro Menezes, Alexandra Alves, Carolina Rezende, João Miguel, Michel Thomas e Mariana Villela.
Acessibilidade no Teatro
Ainda dá tempo de se inscrever para participar da palestra “Acessibilidade e Inclusão no Teatro”, que será neste domingo (16), às 14h, no Teatro Universitário, na Ufes, campus de Goiabeiras. As inscrições, gratuitas, devem ser feitas neste link. A palestra, organizada pela WB Produções, será com os atores Alexandre Galindo, André Rosa, Lara Paulaskas, e conta com os intérpretes de libras. A classificação é livre. A atividade busca trazer reflexão e qualificação sobre a inclusão na cultura, com foco nas artes cênicas.
Eleições
Foram prorrogadas para 24 de junho, as inscrições para quem quer se candidatar a alguma das câmaras do Conselho Municipal de Política Cultural de Cariacica (CMPCC). Os interessados podem ir à na sede da Semcult, no Centro Cultural Frei Civitella, em Campo Grande, de segunda a sexta-feira, das 8h às 18 horas, ou fazer a inscrição virtualmente, por meio deste link. Este ano, a expectativa em torno das eleições é maior, porque caberá aos novos conselheiros puxar o processo de diálogo com os artistas do município para reformulação da Lei Municipal de Cultura João Bananeira, que precisa muito ser atualizada.
Até a próxima coluna!
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