Estimado no Centro e na área cultural, Waguinho faleceu nesta segunda
“Quem parte leva saudade de alguém que fica chorando de dor”, diz a marchinha que há décadas embala muitos carnavais em todo o país. Às vésperas da folia, quem deixa saudade para muitos a quem proporcionou bastante alegria, principalmente nesta época do ano, é Wagner de Oliveira Souza, o Waguinho, criador do bloco Prakabá, que faleceu na madrugada desta segunda-feira (24).
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Pessoa muito estimada na região, Waguinho, que estava internado com problemas renais, era “figura carimbada” no Centro, onde morava, produzia cultura, militava e também trabalhou como garçom em diversos bares. Ainda não há informações sobre o velório e o enterro.
Essa versatilidade, aponta Everton Martins, amigo de Waguinho há mais de 20 anos, fez dele “a verdadeira essência do que é viver o Centro de Vitória”. Mineiro da cidade de Ipanema, Waguinho morava na região há mais de duas décadas. “O Centro de Vitória se tornou o habitat dele”, diz Everton, que em 2004 chegou a morar com ele em uma república próxima à Piedade. “Ele chegava de madrugada do trabalho, logo cedo saia para tomar café da manhã, depois almoçava para ir trabalhar de novo. Quase não ficava em casa, vivia muito o Centro”, recorda.
De 2015 a 2018, Waguinho também foi diretor de Políticas Urbanas da Associação de Moradores do Centro (Amacentro). Em sua gestão, da qual Everton foi presidente, se destacou pela realização do primeiro mapeamento dos imóveis ociosos do Centro de Vitória. O ex-presidente da Associação classifica o amigo como “um bom consumidor da cultura do Centro e um bom produtor”, já que foi ele quem criou o bloco Prakabá.
Everton rememora que, inicialmente, o Prakabá, que encerra o desfile de blocos de Carnaval do Centro de Vitória, não reunia todos os blocos do bairro em tom de despedida do Carnaval daquele ano. Porém, com o passar do tempo, os demais blocos passaram a desfilar no Prakabá com seus estandartes, o que se tornou uma tradição.
Em 2023, quando a gestão do prefeito Lorenzo Pazolini (Republicanos) acatou a decisão do Ministério do Público do Espírito Santo (MPES) de suspender a licença do Esquerda Festiva e do Prakabá, Waguinho classificou o ocorrido como uma “arbitrariedade”. “Isso que está ocorrendo é surreal. Carnaval é do povo, pertence ao povo, é oriundo do povo, e vem uma pessoa dizer que não pode? Não faz sentido!”, desabafou em protesto realizado na praça Ubaldo Ramalhete. Ambos os blocos foram as ruas mesmo assim, em um ato de resistência.