São quatro episódios, todos com recursos de acessibilidade visual e auditiva
No próximo sábado (31), às 19h, será lançada a websérie Reikwaapa-Saberes Guarani, uma produção audiovisual feita com moradores da aldeia Kwaagwy Porã, em Aracruz, norte do Estado. Serão quatro episódios em que, segundo Maynõ Guarani, os indígenas contam sua história, permitindo que os não índios possam conhecer sua filosofia de vida. O lançamento será às 19h, no canal Reikwaapa no YouTube. Todos episódios contam com recursos de acessibilidade visual e auditiva.
A websérie foi produzida em três meses, durante a pandemia do coronavírus. O roteiro foi escrito por Marcelo Guarani e o documentarista Ricardo Sá, envolvendo crianças, jovens e adultos da aldeia na filmagem, direção e edição. Maynõ é o coordenador indígena.
O primeiro, que será exibido durante o lançamento, se chama Tãgara, o nome de um pássaro, como conta Maynõ. Nesse episódio, é retratada a relação entre o povo Guarani e a natureza. No segundo, Txõdaro, que estará disponível em sete de agosto, é abordado a dança dos guerreiros, sua prática no dia a dia dos indígenas, relação com a disciplina, o reflexo e as habilidades.
Petygwa Mirim, que, de acordo com Maynõ, é um cachimbo que espanta os maus espíritos e promove a cura, dá nome ao terceiro episódio, que será exibido em 14 de agosto. O último, intitulado Orema Roota, que será disponibilizado em 21 de agosto, retrata a busca pela terra sem males.
Maynõ acredita que a websérie pode contribuir para a quebra de estereótipos em relação aos indígenas. “Índios e não índios são muito próximos, mas conhecem muito pouco um ao outro. Na websérie poderão nos conhecer da forma como a gente é”, diz.
O coordenador indígena do projeto afirma sofrer no dia a dia os reflexos desse estereótipo, inclusive, ouvindo que ele não é indígena, pois tem pele branca e cabelo cacheado. “Indígena não significa uma só cor, um só tipo de cabelo, uma só cultura. Indígena é diversidade, não é o que está no livro didático, com cabelo liso, tanga e lança. Tem pessoas que ainda hoje acham que comemos gente”, desabafa.
Para Ricardo Sá, o projeto é o resultado de uma longa caminhada, já que a ideia nasceu em 2012. “Sinto que, a partir de agora, este grupo de realizadores e realizadoras indígenas poderá seguir seu caminho, descobrir seu estilo, como já demonstram alguns dos episódios da série fazer do audiovisual uma expressão da cultura guarani, mas também um meio de vida”, ressalta.
O projeto é uma realização da Interferências Filmes e conta com recursos da Lei Aldir Blanc, via edital, com autoria e coordenação-geral do documentarista Ricardo Sá.