O Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) divulgou o relatório A Familiar Face: Violence in the lives of children and adolescents (Um Rosto Familiar: A violência na vida de crianças e adolescentes, em tradução livre para o português) que constata que o Brasil é o sétimo país com mais mortes de meninos e jovens, com idades entre 10 e 19 anos.
A taxa brasileira é de 59 mortes (incluindo homicídios e óbitos em guerras) por grupo de 100 mil jovens, o que é menor apenas que na Síria, que vive guerra civil desde 2011; Iraque; Venezuela; Colômbia; El Salvador e Honduras. O ano-base do relatório é 2015. Levando- se em conta apenas os homicídios, o País passa a ocupar o quinto lugar mundial.
Os dados do relatório se assemelham ao resultado do Índice de Homicídios na Adolescência 2014 (IHA), também do Unicef, lançado no início do mês de outubro. O estudo traz dados alarmantes sobre a violência letal contra adolescentes que, somados à falta de políticas do poder público, pode levar à morte 43 mil adolescentes até o ano de 2021.
Para o IHA são considerados dados de adolescentes com idades entre 12 e 19 anos do ano de 2014, que eram os últimos disponíveis para a faixa etária. Este estudo coloca o Espírito Santo em terceiro no ranking nacional de mortes de adolescentes (atrás apenas do Ceará e de Alagoas), com índice de 7,79. Isso quer dizer que, em cada mil adolescentes que completam 12 anos, 7,79 devem ser vítimas de homicídio antes de chegarem aos 19 anos.
O Índice de Homicídios na Adolescência (IHA) foi concebido com o objetivo de apresentar um retrato da vitimização letal contra adolescentes no país entre os 12 e os 18 anos. O desenvolvimento deste índice está integrado no âmbito do Programa de Redução da Violência Letal contra Adolescentes e Jovens (PRVL), uma iniciativa coordenada pelo Observatório de Favelas e realizada em conjunto com a Secretaria Nacional de Promoção dos Direitos da Criança e do Adolescente, o Fundo das Nações Unidas para Infância e o Laboratório de Análise da Violência da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (LAV-Uerj).
Vitória também foi destaque negativo no IHA, com índice de 7,68, sendo a terceira capital maior índice de mortes de adolescentes, perdendo apenas para Fortaleza e Maceió. A Serra lidera o ranking do Estado com um índice de 12,71, seguida por Vila Velha (10,28) e Cariacica (7,27). A gravidade destes índices se torna ainda mais evidente por ser constante ao longo de quase todos os anos nos quais o IHA foi analisado.
A tendência nesses índices é que eles permaneçam altos, já que as políticas públicas para garantia de direitos nesta faixa etária são incipientes e efêmeras, já que são iniciativas que não atravessam governos, portanto, não produzem resultados concretos. Além disso, elas não alcançam o conjunto de adolescentes em situação de vulnerabilidade, nem são transversais.