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Casais homoafetivos mostram que conceito de família está no amor dado aos filhos

 
Ana Gabriela (foto) corre, brinca, mas está sempre acompanhando a mãe com os olhos. A menina está perto de completar nove anos. É uma criança como outro qualquer, como uma diferença: tem duas mães. Apesar da família “diferente” causar estranhamento em alguns coleguinhas, Ana Gabriela tira de letra. Ela demonstra compreender o conceito de família de maneira bem mais madura que muitos adultos. “Se ter uma mãe é bom, imagina duas?”.
 
As mães Ana Regina Bourguignon (foto) e Cristiane Viera se conheceram quando a filha tinha um ano. “Desde de criança eu tinha vontade de adotar um filho, e adotei a Ana Grabriela quando ainda era solteira. Um ano depois eu conheci a Cris e nós passamos a viver juntas e elas passaram a conviver. Há quatro anos fizemos um contrato de união estável, e em 2012 procuramos um cartório para regularizar o casamento civil”, conta Ana Regina.
 
O casal foi o primeiro do Estado a regularizar a união em cartório após a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), que permite a união entre casais homoafetivos.
 
A rotina da menina é como a de qualquer outra criança, e tanto as mães quanto a filha não se sentem nenhum pouco diferentes de uma família tradicional. “Hoje no Brasil a definição de família é muito mais extensa, então não cabe mais o conceito de família com pai, mãe e filhos. Existem famílias só com a mãe ou com o pai, com avós, tios, e com casais homoafetivos”, completa Ana Regina. A filha estuda em uma escola católica, que aceita muito bem o arranjo familiar. Infelizmente, Ana Regina conta que a ainda existe muito preconceito, até mesmo na própria família, que não aceita sua orientação sexual dela.
 
Outro casal homoafetivo capixaba venceu o preconceito e hoje tem uma família mais completa. Gabriel e Eduardo (os nomes são fictícios para pois o processo de adoção ainda não foi concluído) são casados há três anos e a seis meses e decidiram integrar um novo membro para a família: um lindo menino de quatro anos. O filho vivia na rua com o pai biológico – que é primo de Gabriel e usuário de drogas –, mas quando o pai foi preso e mãe não quis ficar com a criança, Gabriel o acolheu em sua casa. Hoje, a criança, segundo o casal, demonstra estar feliz. Está na escola , tem um lar e é cercada de amor. Enquanto fala sobre o filho, fica claro o amor e o orgulho que Gabriel sente. “Não tínhamos planos de ter um filho, mas acredito que tenha sido coisa do destino. O que eu sinto por ele eu nunca senti por ninguém, é incondicional, amor de pai”. Hoje o casal não consegue imaginar a vida sem o filho. “Uma família especial, atraiu uma criança especial”, completa Gabriel, emocionado.
 
A criança, que teve um início de infância sofrido em função da vida conturbada do pai biológico, é acompanhada por um psicólogo que ajuda a família a se adaptar a essa nova rotina. Gabriel e seu companheiro ainda não explicaram seu relacionamento para o filho, mas a criança já compreende que tem dois pais e lida muito bem com a situação: “Ele sempre repete uma frase muito marcante para nós: “Família é coisa boa.”

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