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‘Causos do norte’: parte da população de Conceição da Barra acredita que Jorge Donati não morreu

Durante o segundo mandato à frente da prefeitura de Conceição da Barra, no norte do Estado, Jorge Donati sucumbiu à condição cardíaca que o colocou na lista de transplante de coração e morreu na manhã do dia 3 de novembro de 2016. O prefeito já estava internado havia 15 dias no Hospital Albert Einstein, em São Paulo, aguardando o transplante, mas um ataque cardiáco tirou sua vida antes que fosse submetido à cirurgia.

O corpo foi levado para o Rio de Janeiro, onde foi cremado no Memorial do Carmo, no Caju, em 4 de novembro daquele ano.

Em Conceição da Barra, no entanto, a morte do prefeito provocou incredulidade, mesmo depois de quase dois anos da morte de Donati. Boa parcela da população do continua achando que o ex-prefeito não morreu.

As reservas quanto à morte de Jorge Donati são democráticas e presentes em todas as classes sociais, se espalhando por diversos distritos no município. Aqueles que duvidam da morte do ex-prefeito partem do princípio que, em uma época em que tudo é registrado, dos smartphones, não há registros das últimas homenagens ao ex-prefeito, apenas o atestado de óbito.

As teorias conspiratórias são alimentadas pelo fato de o então prefeito, antes de morrer, ter elegido o sucessor, o atual prefeito Chicão Vervloet (PSDB) que, por coincidência, foi funcionário das empresas de Donati por 30 anos e secretário de Agricultura durante o segundo mandato dele. Também pesa na incredulidade da população quanto ao óbito do prefeito o fato de a maior parte do secretariado atual ter sido apontado por Donati, que também deixou orientações em gravações de como deveria ser a gestão e que foram ouvidas por políticos.

Essas teorias a respeito da suposta sobrevivência de Donati mudam ao sabor do tempo e à medida que nada aparece de palpável para assegurar que o ex-prefeito não tenha morrido. O comentário neste momento é que ele vai parecer em 2020 para se candidatar a prefeito novamente.

Controvérsias

Jorge Donati foi figura controversa no Estado que migrou da gestão de empresas – a família atuava no ramo sucroalcooleiro – para a política, quando se elegeu em 2008 para o comando da prefeitura de Conceição da Barra e foi considerado pela população um bom gestor, já que foi um período de intenso progresso no município.

No entanto, Donati também era réu por dois crimes que ainda não haviam sido julgados. No dia 21 de novembro de 2016 seria retomado o julgamento do assassinato do sindicalista Edson José dos Santos Barcellos, que tinha o prefeito apontado como mandante. Em julgamento realizado em 17 de outubro daquele ano pelas Câmaras Criminais Reunidas do Tribunal de Justiça do Estado (TJES), o desembargador substituto, Marcelo Menezes Loureiro, relator do processo, condenou o prefeito a 19 anos de reclusão pelo crime. No entanto, a desembargadora Heloísa Cariello, revisora substituta, pediu vistas do processo.

O sindicalista foi encontrado morto em junho de 2010 com sinais de execução, em meio a uma plantação de eucaliptos nas imediações do município barrense. Os executores do crime apontaram Donati como o mandante e depoimentos de testemunhas corroboraram com a tese acatada pelo Ministério Público do Estado (MPES).

O prefeito também era réu no mando da morte da mulher, Cláudia Soneguete, e da empregada doméstica do casal, Mauriceia Rodrigues. O crime, ocorrido em janeiro de 2003 na mansão do casal, na Ilha do Frade, ficou conhecido como “Crime da Ilha”. No entanto, o julgamento do caso jamais aconteceu.

Além de responder por homicídio qualificado, o prefeito de Conceição da Barra respondia por destruição de cadáver.

De acordo com os autos, o caseiro teria praticado os crimes diante da promessa de que receberia do atual prefeito de Conceição da Barra o valor de R$ 15 mil, bem como as joias da vítima, a título de pagamento. Também segundo a peça acusatória, Donati não se conformava com a separação judicial proposta pela vítima e nem com a partilha do patrimônio do casal. Além disso, o acusado nutriria desconfianças quanto à fidelidade conjugal da vítima.

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