Ireny Maria de Jesus irá representar a comunidade cigana, que ocupa assento no conselho pela primeira vez
O Conselho Municipal de Igualdade Racial de Cariacica conta, pela primeira vez, com representação da comunidade cigana. Moradora há um ano e meio na comunidade cigana do bairro Moxuara, a dona de casa Ireny Maria de Jesus assumiu uma cadeira no conselho, em uma gestão que começou no final de janeiro e terá duração de dois anos. Além da comunidade do Moxuara, a cidade conta ainda com as dos bairros Bubu, Campo Verde e Santo Antônio.
Ao todo, são 13 famílias ciganas. A inclusão da representação desse povo se deu após realização do “Mapeamento dos Povos e Comunidades Tradicionais do Município de Cariacica”, feito por meio da Gerência de Igualdade Racial da prefeitura, um trabalho colaborativo que envolveu pesquisadores do Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros da Universidade Federal do Espírito Santo (Neab-Ufes), representantes de movimentos sociais e lideranças do município.
O Mapeamento aponta que existem em Cariacica pelo menos 10.950 pessoas pertencentes a alguma comunidade tradicional. Os dados consideram ciganos, povos de matrizes africanas, pescadores e marisqueiros. Ireny acredita que sua representação no conselho pode auxiliar a comunidade cigana na concretização de direitos. “A gente vai ter mais liberdade para correr atrás das necessidades do nosso povo, como o acesso à saúde”, diz.
Outra história narrada por ela foi sobre o dia em que esteve no supermercado e, no caixa, ouviu de uma pessoa que o dinheiro que utilizava para pagar as compras era “dos outros”, insinuando que era roubado. “Eu fingi que não ouvi. Às vezes é melhor ignorar”, recorda.
Segundo o pesquisador da Universidade Federal do Estado (Ufes) e mestre em Ciências Políticas, Iljorvanio Silva Ribeiro, os resultados encontrados, a partir de entrevistas feitas com 290 pessoas, impactam diretamente na condição de sobrevivência desses povos e de sua reprodução cultural. É o caso dos povos ciganos identificados no município.
“Essa mesma violência pode ser traduzida em inúmeros casos narrados pelos entrevistados no que tange aos muitos ‘não acessos’ sofridos cotidianamente por esses povos: não acesso às políticas de incentivo cultural, não acesso aos recursos naturais do território que ocupam e do qual dependem para sua reprodução cultural (como cachoeiras, rios, praças e matas), não acesso ao direito de registrar os seus centros ou terreiros, e outros tantos ‘não acessos”, declara.
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