Quinta, 04 Julho 2024

​Comunidade cigana capixaba defende cotas específicas nas universidades

criancas_ciganas_CreditosCarlaCaliman-APEES Carla Caliman/Apees

A Caravana Brasil Cigano, do Ministério da Equidade Racial, visitará as comunidades ciganas capixabas no período entre 27 e 29 deste mês, para ouvir demandas. As principais são na área da educação, como cotas específicas nas universidades públicas federais, como afirma a tesoureira da Associação Municipal de Etnias Ciganas de São Mateus (AMEC), Nilcélia de Jesus Santos.

Ela acredita que as cotas aumentariam a presença do povo cigano nas universidades, possibilitando ao grupo se reconhecer como parte desse espaço. De acordo com Nilcélia, por serem raros os ciganos nas instituições de ensino, ao conseguirem ingressar, eles acabam abandonando sua cultura,  para não sofrer discriminação no ambiente estudantil.

Poucas universidades públicas brasileiras têm cotas para ciganos. Uma delas é a Universidade Federal do Pernambuco (UFPE), que reserva 30% do total de vagas na pós-graduação stricto sensu (mestrado e doutorado) para negros, quilombolas, ciganas, indígenas, transexuais, transgêneros, travestis e pessoas com deficiência. Na Bahia, há cotas para ciganos na graduação na Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS) e na Universidade do Estado da Bahia (Uneb).

Outro argumento para a concretização das cotas, aponta Nilcélia, é o fato de os ciganos, na sua trajetória escolar, encontrarem diversos obstáculos. Um deles é o bullying, devido à sua origem, que faz com que muitos deixem a escola. Ela defende que as cotas e, portanto, a possibilidade mais concreta de ingresso no ensino superior, seriam um incentivo para a permanência dos ciganos. 

Contudo, destaca, essa ação deve ser acompanhada do combate ao preconceito no ambiente escolar, com realização de campanhas educativas, que será outra reivindicação a ser feita durante a caravana.

Ainda no que diz respeito à educação, outra demanda é a criação de escolas nos acampamentos, tanto no ensino regular quanto na Educação de Jovens e Adultos (EJA), além da oferta de cursos profissionalizantes. Esta última iniciativa, aponta Nilcélia, pode aumentar as possibilidades de ingresso dos ciganos no mercado de trabalho. Outra proposta nesse sentido é a parceria entre o poder público e as empresas para contratação de ciganos.

O clima entre os ciganos com a chegada da caravana, segundo Nilcélia, é de ansiedade. "Achamos inovador, normalmente o poder público não vem nas comunidades ouvir nossas necessidades", diz.

Na manhã do dia 27, a equipe do Ministério visitará as comunidades ciganas de Cariacica. À tarde irá para Serra e Fundão. No dia 28, no turno matutino, será a vez de Colatina, no noroeste do Estado. Depois do almoço seguirão para São Mateus, no norte, onde, no dia 29, será finalizada com a abertura oficial do Encontro Cultural da Comunidade Cigana de São Mateus. 

Nilcélia afirma que ciganos de outras cidades se deslocarão para o município mais próximo para participar da caravana, realizada por meio da Secretaria de Políticas para Quilombolas, Povos e Comunidades Tradicionais de Matriz Africana, Povos de Terreiros e Ciganos (SQPT). A iniciativa teve início em maio de 2023 e passa por todas as regiões do Brasil. Atualmente, segundo o Ministério, estima-se a existência de mais de um milhão de pessoas ciganas brasileiras, pertencentes a etnias Calon, Rom e Sinti.

Pastoral quer fazer mapeamento dos ciganos no Espírito Santo

Proposta será debatida na Assembleia Nacional da Pastoral do Nômade, que acontecerá em julho, em Ibiraçu
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