A Diocese de Colatina criou a Comissão de Justiça e Paz (CJP). Composta por nove membros, todos integrantes da sociedade civil, a CJP, conforme explica o bispo Dom Lauro Sérgio Versiani Barbosa, é um órgão de assessoria para a ação de trabalho da Diocese, “uma espécie de observatório social, de situações que afrontam a dignidade humana e o bem comum”, e tem como base a Doutrina Social da Igreja (DSI).
No decreto 03/2022, de Constituição e nomeação da Comissão Diocesana de Justiça e Paz, consta que, além da dignidade humana e do bem comum, a CJP tem como alguns de seus princípios o Estado Democrático de Direito e o combate às desigualdades sociais. Também afirma que o organismo atua em conformidade com os “ditames da Constituição da República do Brasil, marcada fortemente pela cidadania consciente e participativa de todos os brasileiros”.
Consta ainda que “atua na forma de pareceres, assessorias, aconselhamentos, políticas públicas e judiciais, em diálogo com os movimentos sociais, para invocar a proteção integral da pessoa humana, sobretudo dos mais empobrecidos e vulneráveis e defender os direitos humanos e fundamentais, como os direitos ligados à economia, ao mundo do trabalho e ao meio ambiente”.
Dom Lauro afirma que a CJP é uma tradição na Igreja Católica. O sacerdote destaca que, na Santa Sé, existe a Pontifícia Comissão de Justiça e Paz. A CJP foi criada no Brasil em 1968, ligada à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), e filiada ao organismo da Santa Sé. “Isso deu a ela proteção no contexto adverso da ditadura”, diz o bispo.
O sacerdote afirma que a criação da CJP vai ao encontro da importância de colocar em prática princípios da DSI, como o de que a caridade não pode ser somente algo pessoal, ligada à questão assistencial, mas também “ter um olhar estrutural, não se limitar a lidar com os efeitos da injustiça, mas investigar e enfrentar as causas, caso contrário, a gente vai ficar enxugando gelo”.
Dom Lauro afirma que um dos critérios levados em conta para a nomeação dos integrantes foi a inclusão das mulheres. O grupo é constituído por cinco homens e quatro mulheres: Audréya Mota França Bravo, Genivaldo José Lievore, Landulpho Lintz, Leonardo Trabach, Maria Elena Barros dos Santos, Menandro Taufner Gomes, Nádia Lorenzoni, Norma Tessarolo Ribeiro e Romualdo Dias.
Outro critério levado em consideração foi a representatividade das regiões que compõem a Diocese. Entre os integrantes há representantes de movimentos sociais, como o Movimento Negro e indígenas. Dom Lauro recorda que a Diocese de Colatina foi criada em 1990, sendo a última a se desmembrar da Arquidiocese de Vitória. Na época, o então bispo, Dom Geraldo Lyrio Rocha criou a Comissão de Direitos Humanos, semelhante à CJP, que tempos depois foi extinta.
A Diocese de Colatina é composta pela áreas pastorais Colatina (Colatina e São Roque do Canaã), BR 101 Norte (Linhares, Rio Bananal e Sooretama), BR 101 Sul (Aracruz, João Neiva e Ibiraçu), Linha Ita (Itaguaçu, Itarana, Laranja da Terra, Baixo Guandu e Santa Teresa) e do Café (São Domingos do Norte, Governador Lindemberg, Marilândia e Pancas).