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‘É preciso pensar nessa mulher como uma pessoa inteira’

Grupo de trabalho na Serra presta assistência a mães e cuidadoras de pessoas com deficiência na Serra

Um grupo de trabalho criado na Serra tem discutido estratégias de apoio a mães e cuidadoras de pessoas com deficiência no município. Em uma reunião realizada com representantes da Secretaria Municipal de Saúde nesta semana, integrantes do coletivo Mães Eficientes Somos Nós (MESN) defenderam a ampliação do grupo de trabalho, com ações destinadas não só a serviços de apoio psicológico a essas mulheres, mas medidas que garantam a o bem-estar de forma integral.

A ideia é que o grupo, que já desenvolveu estratégias na área da saúde, seja um espaço intersetorial, que apoie essas mulheres também prestando serviços em áreas como a assistência social. “É preciso pensar nessa mulher como uma mulher inteira”, afirma Célia Pereira, integrante do coletivo.

O grupo de trabalho foi criado em abril de 2021, em um contexto de urgência provocado pela pandemia do coronavírus. Em razão do isolamento social, as mulheres cuidavam de crianças e adolescentes PCD’s sozinhas e em tempo integral. “A gente teve um aumento de mães falando sobre ideações suicidas, então começamos a ter uma preocupação muito grande com isso”, aponta.

Desde que foi criado, o grupo conseguiu avanços importantes, como a retomada do atendimento psicológico a essas mulheres, serviço que tinha sido interrompido com o fim da gestão passada no município. Após reivindicações do coletivo, a prefeitura também realizou mutirões para realização de exames preventivos nas cuidadoras.

“A gente tinha feito um debate e descobrimos que muitas mulheres estavam com o preventivo atrasado ou nunca tinham feito o exame. Mulheres de mais de 50 anos que nunca tinham feito uma mamografia. E quando a gente questionava o porquê, elas sempre falavam da burocracia para acessar os serviços de saúde pública”, relata Célia.

Para além da saúde física dessas mulheres, o coletivo defende um atendimento de forma integral, considerando que muitas também passam por transtornos mentais e até situações de violência doméstica. “Pensar que a saúde mental dessa mulher depende de como também está a vida dela na sociedade, de como também está a vida dela na sua comunidade imediata, como que essa família está conseguindo, ou não, ter acesso à moradia, como está a segurança alimentar dessa família, como está o acesso ao transporte público”, enumera.

Para o coletivo, também é preciso desenvolver políticas públicas que garantam o acesso à renda dentro de casa, já que muitas delas não conseguem trabalhar em razão dos cuidados com o PCD. “Pensar em não só tratar a ansiedade de forma medicamentosa ou com terapias, mas também pensar a causa dessa ansiedade. O que está levando essa mulher a ter um descontrole do seu corpo, de forma até paralisante. Pensar que essa mulher, às vezes, está com suas contas atrasadas”, alerta Célia.

Considerando tudo isso, na reunião da última semana, as integrantes do coletivo defenderam a inclusão de profissionais de outras áreas no grupo de trabalho, como técnicos da Secretaria do Trabalho, da Secretaria da Mulher e Assistência Social. “Boa parte dessas mulheres têm na sua família insegurança alimentar. Então pensar também em como se fazer para que essa mulher tenha acesso, por exemplo, aos auxílios que a família às vezes tem direito, ou então aos programas de assistência, acesso de benefícios eventuais, cestas básicas”, pontua.

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