Um dos inspetores denunciados pela tortura, conhecido como Amarelo, ainda é diretor de unidade prisional, mesmo sendo réu na ação.
Na audiência, os internos confirmaram o teor da denúncia. Segundo um deles, a sessão de tortura teve início em 13 de julho de 2013 quando o interno – que contraiu duas pneumonias, duas tuberculoses, um enfisema pulmonar e uma bronqueotasia crônica no sistema prisional – solicitou atendimento médico.
O interno contou que, por conta das enfermidades, precisa de cuidados médicos constantes por sentir falta de ar. Por isso, faz uso continuado de medicamentos. No dia dos fatos, solicitou atendimento médico, já que fazia 15 dias que não recebia medicação pois tinha sido transferido da Penitenciária de Segurança Máxima I (PSMA I), em Viana, para a PEVV V por ser acusado de liderar uma greve de fome naquela unidade.
O atendimento foi solicitado pela manhã, No entanto, à noite, ele foi retirado da cela e um segundo interno, que disse que ele seria levado para a “barbearia”, também foi retirado e os dois teriam sido levados ao local.
Durante o trajeto os internos declararam que foram agredidos pelos inspetores penitenciários. Um exame de corpo de delito constatou que os internos apresentavam hematomas e lesões condizentes com tortura.
O local conhecido como “barbearia” é uma sala de 2 X 4 m² na penitenciária que não tem câmeras de videomonitoramento.
No domingo depois das agressões, um dos internos agredidos conseguiu papel e caneta e escreveu um relato sobre a situação da PEVV V, que foi entregue à mãe dele, que encaminhou a carta ao Grupo Especial de Trabalho em Execução Penal (Getep) do MPES, com a denúncia dos internos.