Cerca de 90 entidades da sociedade civil do Estado divulgaram o Manifesto Pela Vida, no qual reivindicam que a gestão de Renato Casagrande (PSB) dialogue com a classe trabalhadora, possibilitando sua participação no gabinete de crise da pandemia da Covid-19. No documento, que será protocolado nesta terça-feira (30), o grupo recorda que desde o início de 2020 faz essa reivindicação, mas não há resposta por parte da gestão estadual.
“Desde março de 2020 até agora, foram inúmeros atos e manifestações feitos pelas centrais sindicais, sindicatos de ampla representação de categorias, inclusive de servidores municipais, estaduais e federais; e movimentos populares, junto de outras organizações da sociedade civil, pedindo que Casagrande ouvisse os trabalhadores, mas fomos ignorados e as escolas retomaram as aulas presenciais, o comércio se manteve sem restrições, trabalhadores foram forçados a pegar ônibus lotados para comparecer ao trabalho, e a população ficou cada vez mais exposta ao vírus e desamparada”, diz o manifesto.
Entretanto, o grupo afirma que, embora as medidas de proteção social anunciadas por Renato Casagrande no dia 26 de março sejam insuficientes e tardias, trazem “a esperança de que um combate sério ao aumento de casos passe a ser realizado de forma efetiva, com todos os esforços envidados para a vacinação em massa, com a previsão de punições a infratores, seja em relação ao uso de máscara em espaços públicos, seja a respeito da observância das determinações de um real lockdown, que precisa ser decretado, e auxílio emergencial de, no mínimo, R$ 600,00 a famílias carentes, empregadas domésticas, trabalhadores que atuam no mercado informal e microempreendedores que tenham que perder suas fontes de renda no período”.
O auxílio de R$ 600,00, segundo a presidente da Central Única dos Trabalhadores no Espírito Santo (CUT/ES), Clemilde Cortes, é uma reivindicação junto ao governo federal, apesar de constar no manifesto. No estadual, a presidente da CUT afirma que é possível dar mais do que os R$ 600,00 parcelados em três vezes por meio do cartão ES Solidário.
“Inicialmente, foram anunciados R$ 450,00. Nas entrevistas, Renato Casagrande falou que é para comprar um gás, comida, mas o gás está R$ 105,00. Então teria que comprar gás em um mês e comida no outro. Agora, já aumentou para três parcelas de R$ 200,00. Melhorou, dá para comprar o gás e pelo menos uns cinco quilos de arroz. Não é suficiente, mas já é alguma coisa. Dá para comer minimamente dependendo do número de pessoas que tem na família. Mas é possível oferecer mais”, afirma.
As medidas restritivas durante a quarentena também são bem-vindas pelo grupo, apesar de não ser, segundo eles, um lockdown. “Conforme apontam especialistas, o lockdown é medida extrema e imprescindível diante do colapso nos sistemas de saúde público e privado, por isso reivindicamos um lockdown, de fato, que se estenda até termos dados estatísticos concretos e decisivos indicando que estamos reduzindo a curva de contágio, bem como a garantia da capacidade do sistema de saúde para atender à população em todos os municípios do Espírito Santo”.
Para as entidades, se os trabalhadores tivessem representatividade na gestão da crise sanitária assegurada desde o início da pandemia, teria sido apontado há mais tempo “a necessidade, urgência e ampliação das ações agora parcialmente empreendidas”.
Assinam o manifesto sindicatos, centrais sindicais, coletivos, pastorais sociais e movimentos populares.