Organizações da sociedade civil realizaram ato em apoio à vereadora em frente à Câmara de Vitória
Ao chegar à Câmara de Vitória para a sessão extraordinária desta segunda-feira (6), Camila Valadão (Psol) foi recebida por representantes de diversas organizações da sociedade civil, que marcaram presença no ato em seu apoio, convocado pela executiva estadual e pelo diretório municipal do partido, diante da agressão sofrida pela vereadora por parte do vereador Gilvan da Federal (Patri), na sessão ordinária do dia primeiro deste mês. “Este ato não é sobre mim, é sobre nós”, comentou Camila, referindo-se a “todas as outras mulheres e aos movimentos sociais”.
A vereadora destacou que já sabia que sofreria violência política de gênero durante seu mandato, pois vem acontecendo em todo o Brasil. Para ela, porém, “a forma como isso é feito em Vitória é duro para as mulheres, que estão há muito tempo disputando para estar nesse espaço, é duro para os movimentos sociais, que querem vir a esta Casa trazer suas pautas e são atacados”.
O militante do Psol, Gilberto Campos, o Gilbertinho, informa que o partido, na última sexta-feira (3), encaminhou um ofício para o presidente da Câmara, Davi Esmael (PSD), solicitando uma audiência para discutir as agressões de Gilvan contra as vereadoras Camila Valadão e Karla Coser (PT). Gilbertinho salienta que o comportamento do vereador infringe a legislação penal e o regimento da Casa. “Dentro do regimento, queremos saber o que o presidente vai fazer em relação a isso. Também estamos estudando as medidas jurídicas que podem ser tomadas”, destacou.
Uma nova manifestação em frente à Câmara está marcada para a próxima quarta-feira (15). Dessa vez, quem organiza é o Movimento da Juventude de Terreiro do Espírito Santo, que conta com o apoio de mais de 100 entidades. A realização do protesto é motivada pelas ofensas proferidas por Gilvan da Federal, na sessão do dia 29 de novembro, contra as religiões de matriz africana, as quais chamou de “afronta a Deus”.
Antônio Carlos do Nascimento, diretor institucional do Centro Nacional de Africanidades e Resistência Afro-Brasileira no Espírito Santo (Cenarab-ES), representou a entidade na manifestação em solidariedade a Camila. Ele afirma que ao dizer que lavaria à Câmara devido a bençãos feitas pelas mães de santo na sessão solene do dia 26 de novembro, em alusão ao Dia da Consciência Negra, Gilvan “apunhalou as mulheres de terreiro”. “No Brasil, se fala muito em tolerância às religiões de matriz africana, mas não queremos que nos tolerem, queremos respeito. A palavra chave é respeito”, apontou.
Entretanto, militantes do Movimento Nacional de Luta pela Moradia (MNLM), que estavam com a camisa do movimento, não puderam entrar. “Tentei acessar a Câmara e não deixaram, mas é engraçado que o povo do Gilvan está lá dentro. Do mesmo jeito que os apoiadores dele podem entrar, os da Camila também podem”, denuncia a militante Rafaela Caldeira.