Prazo de negociações com a Prefeitura de Vitória, em acordo que encerrou acampamento, é considerado curto
As famílias que ficaram cerca de 120 dias em um acampamento na frente da Prefeitura de Vitória estão felizes com as conquistas alcançadas até agora, mas temem que a principal reivindicação, o direito à moradia, não seja atendida em tempo hábil. Isso porque, o prazo determinado pelo Ministério Público do Espírito Santo (MPES) para a negociação, de seis meses, é considerado curto.
O acordo que deu fim à mobilização estabeleceu que, nesse período, será destinado o valor de R$ 600,00 mensais para cada uma das famílias para o aluguel, além de garantir a matrícula das crianças e adolescentes em escolas de tempo integral e dos adultos em turmas de Educação de Jovens e Adultos (EJA). Outro ponto firmado foi a realização de cursos de qualificação profissional.
Uma das lideranças do movimento, Rafaela Regina Caldeira informa que, no que diz respeito ao direito à habitação, o que tem sido discutido é a possibilidade de um projeto de lei que estabeleça a garantia de moradia definitiva para as famílias ou a inclusão delas em programas já existentes.
“Seis meses passam muito rápido. Se não for garantida moradia definitiva nesse período, como vai ser? Mas por outro lado, cremos que o Ministério Público já deve estar pensando em algo para que a gente não fique desamparado”, diz. Ela relata que muitas pessoas estão desempregadas, sendo que algumas delas nem ao menos são alfabetizadas, o que dificulta em demasia suas inserções no mercado de trabalho.
Em maio, porém, o magistrado acatou o pedido da gestão municipal de não cumprimento das condicionantes para a reintegração de posse impostas em sentença publicada de março, já que as famílias haviam saído da ocupação na escola. O juiz entendeu que as famílias saíram voluntariamente. As condicionantes determinavam que as pessoas fossem encaminhadas para um local digno com os seus pertences, por um período mínimo de seis meses.
Entretanto, como explicou na ocasião o advogado constituído pelos ocupantes, Thor Lima Braga, a Justiça concluiu que, com a saída das famílias da ocupação em 28 de abril, a ação perdeu o objeto, não havendo motivo para seu prosseguimento.
O Movimento Nacional de Luta pela Moradia (MNLM) contesta que a desocupação foi voluntária. As famílias se revezavam entre a ocupação e o acampamento em frente à prefeitura, montado para reivindicar o cumprimento da decisão judicial de encaminhá-las para um abrigo e que ainda vigora. Contudo, no 22º dia de acampamento, foram despejadas do colégio depois de a gestão municipal inflamar a comunidade contra as famílias, após várias tentativas fracassadas de retirá-las do espaço de maneira ilegal.