A concentração da marcha será às 17 horas em frente à Casa Porto das Artes Plásticas, no Centro de Vitória. Os participantes denunciarão, também, o desmonte na política de combate ao racismo por parte do governador Paulo Hartung (PMDB).
Segundo a versão mais recente do Mapa da Violência – Homicídios por armas de fogo no Brasil, de autoria do sociólogo Julio Jacobo Waiselfisz, enquanto a taxa de homicídios por arma de fogo entre a população geral cai anualmente – mesmo que em índices irrisórios – entre jovens e negros as taxas só aumentam, o que demonstra que faltam políticas públicas para esta parcela da população. Para cada seis negros mortos por arma de fogo, um branco é assassinado.
No entanto, é entre os jovens que ocorre o maior índice de mortes por arma de fogo no Estado. Em 2014, a taxa de pessoas com idades entre 15 e 29 anos que morreram vitimas de armas de fogo foi de 92,5 por 100 mil, índice que equivale ao extermínio da juventude. O Mapa anterior, que teve como base o ano de 2012, apontou que a taxa de morte de jovens por arma de fogo foi de 91,8 por 100 mil, ou seja, a cada ano o índice recrudesce.
A alta taxa de mortes por arma de fogo de negros no Estado também demonstra a seletividade desta violência letal. Enquanto em 2003 foram mortos 648 negros por arma de fogo no Estado, em 2014 foram 1.077, o que representa quase três negros mortos por dia por arma de fogo no Espírito Santo.
A taxa de homicídios de negros, que era de 37,3 por 100 mil em 2003, passou para 46,4 em 2014. Enquanto entre 2003 e 2014, a taxa de homicídios de brancos reduziu em 28,9%, a taxa de mortes por arma de fogo entre negros aumentou 24,7%.
O extermínio de negros no Estado fica ainda mais evidente diante do índice de vitimização negra. A chance de um negro morrer por arma de fogo no Estado era 326,7% maior que a de um branco em 2014. Em 2003 este índice era de 143,1%.
Em entrevista ao jornal O Globo desta quarta-feira (16), o sociólogo ressalta que o movimento de expansão econômica vivido pelo País neste século foi altamente segregacionista e concentrado. Segundo Waiselfisz, não foi um desenvolvimento igualitário, que beneficiou todos os grupos sociais nem mais aqueles que necessitavam.
Embora, o nível de desigualdade tenha reduzido um pouco, o Pais ainda é altamente excludente, com população excluída dos benefícios do desenvolvimento econômico e de políticas públicas que comprovadamente reduzem índices de criminalidade.
O sociólogo também apontou que o índice de homicídios de homens brancos diminuiu drasticamente nos últimos anos, enquanto o de negros permaneceu igual ou aumentou em alguns locais. “Então, temos uma Segurança Pública altamente excludente, que protege a zona de maior riqueza, onde moram os brancos. Enquanto na favela, os jovens negros, as mulheres, as famílias são ainda muito desprovidas de segurança”, disse ele.