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Feministas criticam ônibus exclusivo para mulheres

No dia a dia, muitas mulheres são vítimas de episódios de assédio sexual enquanto andam pelas ruas da cidade, se locomovem no transporte público ou até mesmo no próprio ambiente de trabalho. Seja um “despretensioso” assobio erotizado, um exclamativo “gostosa” ou mesmo algo mais invasivo, que chega ao extremo do toque físico. 
 
O transporte público é o cenário da maior parte deste tipo de violência, principalmente nos momentos em que os veículos estão mais cheios. Situação que propicia o contato físico, desculpa perfeita para alguns homens se aproveitarem da superlotação para abusarem sexualmente das mulheres.
 
Na tentativa de evitar essas cenas de assédio contra mulheres, o deputado Euclério Sampaio (PDT) protocolou nessa quarta-feira (26) um projeto de lei que prevê a criação do “Ônibus Rosa GV”, uma linha de ônibus exclusiva para transportar mulheres. “O intuito é tentar diminuir os constrangimentos que as mulheres sofrem ao utilizarem coletivos normalmente lotados”, justifica o pedetista.
 
Na justificativa o parlamentar afirma que “a mulher que conquistou o direito o voto, ocupa cargos de direção importantes no país, ainda tem que conviver com situações pré-históricas extremamente depreciativas no interior dos coletivos”.
 
Mariana Gava, representante do Fórum de Mulheres do Espírito Santo critica a iniciativa. Ela diz que a estratégia de criar ônibus exclusivos não é eficaz para combater o assédio sexual. “Não queremos que a mulher seja segregada, e sim que ela seja respeitada pela nossa sociedade. No lugar deste projeto, poderia ser outro que crie campanhas educativas dentro dos transportes coletivos, para que a mulher seja efetivamente respeitada”, sugere a militante.
 
A feminista também destaca que essa acaba sendo uma maneira de responsabilizar a mulher pelo assédio, fazendo com que ela tenha sua liberdade cerceada e naturalizando o assédio: “Temos medo que o ônibus exclusivo possa até piorar a situação. A mulher que usa o transporte misto pode ser ‘culpabilizada’ pela violência que sofre”. 
 
Segundo o projeto, a percentagem e o horário de ônibus da linha exclusiva deverá ser estabelecida pela Ceturb, atendendo principalmente os horários de pico das 6 às 10 horas da manhã e das 17 às 20 horas da noite. Com a proposta, passageiros homens serão proibidos de andar no veículo, com exceção de crianças de até 12 anos acompanhadas de seus responsáveis. Os motoristas e cobradores da linha também devem ser do sexo feminino. 
 
Propostas semelhantes ao “Ônibus Rosa GV” já foram implantadas em outras regiões brasileiras, como o Distrito Federal e o Rio de Janeiro, onde os metros possuem vagão exclusive para as mulheres em horários de pico. Em São Paulo, a proposta do vagão exclusivo do metrô foi revogada pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB), após ser alvo de críticas da população feminina.

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