Formação agregada a outras atividades, como eventos culturais e manifestações de rua, é o foco do Movimento Negro Unificado (MNU) para 2020 no Espírito Santo, de acordo com a coordenadora estadual e coordenadora nacional de organização do MNU, Vanda Souza Vieira. Segundo a militante, a formação deve ter como um dos focos principais ganhar pessoas para a luta.
“Obter vitórias demanda a continuidade da luta. Formar, reconhecer-se negro, não deve ser algo da militância, mas da maioria”, diz Vanda. A aprovação do plano de trabalho para 2020 do MNU será neste sábado (7), em uma plenária da qual participarão filiados do movimento. Também serão definidas as parcerias de lutas.
“É necessária a unidade entre entidades de negros, mulheres, jovens e outros, uma apoiando a causa da outra”, afirma a militante. As atuações em atividades como a Marcha Contra o Extermínio da Juventude Negra, Feijoada do MNU, o trabalho desenvolvido em cursos pré-enem populares, entre outras, estão mantidas.
Vanda destaca que em âmbito nacional o cenário é de retrocessos, demandando muita luta. “O governo acabou com a Fundação Palmares, organismo que fazia interlocução com os ministérios para execução de políticas públicas”, afirma. A militante salienta, ainda, o fim da Secretaria Nacional de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir).
No cenário estadual, Vanda questiona, entre outras questões, a quantidade insuficiente de pessoas na equipe da Gerência de Promoção da Igualdade, o fato de a Gerência de Diversidade não contemplar o povo negro como um todo, e de a cota para negros nos concursos públicos, reivindicação antiga do Movimento Negro, ter sido tratada pela atual gestão como iniciativa sua.
Na ocasião da aprovação das cotas, o Círculo Palmarino emitiu uma nota relembrando que um projeto de lei que tratava da reserva de 20% das vagas para negros em concursos na esfera estadual já havia sido enviado pelo ex-governador Paulo Hartung à Assembleia no final de sua gestão, por obrigação judicial, mas foi retirado de pauta no início desta legislatura pelo atual governo de Renato Casagrande.
De acordo com a nota, o Movimento Negro teve que recorrer ao Poder Judiciário, através de uma ação civil pública, ingressada em 2010, que foi concluída com um acordo judicial no qual o Executivo assumia a responsabilidade de encaminhar o projeto de lei. Mesmo com o envio do projeto, Casagrande o retirou e reencaminhou.
Eleições
Durante a plenária, também será eleita a nova coordenação estadual do MNU. A coordenação nacional também será escolhida este ano, em maio, no Congresso Nacional do MNU, em Recife, Pernambuco.