A última plenária de 2018 do Fórum de Mulheres do Espírito Santo (Fomes) acontece neste sábado (1), das 9h às 16h, na sede do Sindicato dos Bancários do Estado (Sindibancários), no Centro de Vitória.
Na pauta, a saúde mental das mulheres em tempos de pós-eleições e os retrocessos de direitos a partir de um viés antimanicomial, além de segurança digital e estratégias de resistência. A plenária ainda irá aprovar alguns documentos e preparar um pré-planejamento da atuação do Fomes em 2019.
“Continuarmos unidas contra qualquer retrocesso aos nossos direitos. E lutando contra as desigualdades e violências fundadas do patriarcado, racismo e capitalismo”, exclama Emily Tenório, assistente social e militante do Fomes.
A psicóloga Rafaela Amorim, também militante do Fórum, destaca que a saúde mental das mulheres neste momento político e social do país tem sido muito abalada. “Nós sabemos que o retrocesso de direitos, a falta de emprego, todas essas questões sociais que acabam potencializando a violência, principalmente contra a mulher, afeta a saúde mental da mulher. Não tem como desassociar tudo isso. Então esse cuidado de saúde mental da mulher nesses tempos vai ser o maior desafio de todos”, anuncia.
O contexto da sociedade, que já é patriarcal, machista e produz tanta “opressão adoecedora” sobre as mulheres, está ainda mais agressiva neste momento de retrocesso de direitos conquistados. Somado a isso, tem-se a intenção já declarada do presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL), de contrariar as práticas antimanicomiais, deixando clara a necessidade de unir as lutas feminista e antimanicomial.
“Os caminhos para bem cuidarmos da nossa saúde mental…. esse será um grande desafio. Com o retorno de investimentos na hospitalização da política de saúde mental, temos o enfraquecimento do cuidado em liberdade e territorial, que é a proposta da Reforma Psiquiátrica Antimanicomial. A contrarreforma do Governo Temer visa interesses do maquinário capitalista, do lucro e do biopoder. E nessa configuração política de saúde mental, aliado aos baixos investimentos nas políticas sociais e retrocessos dos direitos, o corpo feminino sofrerá”, explica a psicóloga.
“Há muitas mulheres que estão em sofrimento nesse período de eleição, que continuam no sofrimento pós-eleição, porque existe o medo, a desesperança, os retrocessos, as marcas no corpo e muita ansiedade. E nós vamos debater e tentar construir uma forma de pensar e fazer saúde mental. Vai ser um grande desafio”, pondera Rafaela, ressaltando que ainda não há respostas nem fórmulas para guiar a luta e a resistência.
“O que podemos dizer é que vamos resistir e encontrar outras maneiras de fazer o cuidado que nesse momento é tão intenso, tão cheio de incertezas, e tem produzido muito adoecimento”, afirma.
O convite, reafirma Emily, é para todas as mulheres que queiram se somar nessa luta. O almoço coletivo, diz, já está garantido. E quem puder, pode levar um lanche para compartilhar ou algum valor em dinheiro para colaborar, assim como copos e garrafas reutilizáveis para uso pessoal.