Em reunião realizada nessa quinta-feira (18) entre a Unidade Negra Capixaba e o Governo do Estado, foi definida a criação de cinco Grupos de Trabalho (GTs) para encaminhar demandas do Movimento Negro relacionadas à pandemia do coronavírus. Os temas serão Assistência Social; Saúde; Educação e Ciência e Tecnologia; Segurança Pública e Justiça; e Habitação e Mobilidade Urbana.
Segundo Vanda Vieira, uma das representantes da Unidade que participou da reunião, as temáticas estão alinhadas com os eixos contidos no documento protocolado no Palácio da Fonte Grande no dia quatro de junho. Nele constam 105 medidas urgentes de combate à pandemia em meio à população negra, principais vítimas fatais da Covid-19. As propostas foram elaboradas por mais de 60 entidades.
Vanda afirma que as temáticas da economia e dos direitos humanos devem permear todos os GTs. Ela explica que a formação de cada um deles, bem como o funcionamento, será discutida pela Unidade, que, no início da próxima semana, irá encaminhar para o Governo do Estado as propostas resultantes desse debate.
“É uma vitória conseguir estabelecer um diálogo com o Governo do Estado, o que estamos buscando desde o início da gestão. E essa conquista tem a ver com a unidade do Movimento Negro durante a pandemia, com a união de entidades e pessoas para construir o documento entregue no dia quatro”, diz Vanda, que ressalta a necessidade de identificar o porquê de a letalidade durante a pandemia ser maior entre os negros.
“É por que os negros estão precisando sair para trabalhar? Isso acontece porque não conseguiram auxílio emergencial? Por que normalmente moram em locais onde não têm saneamento básico?”, questiona Vanda. A representante da Unidade defende que trata-se de uma luta que deve prosseguir após a pandemia, pois as possíveis causas da maior letalidade entre os negros são problemas que já existiam antes, mas não foram solucionados.
Vanda salienta que no documento apresentado ao Governo do Estado também há propostas para os municípios, que serão procurados pela Unidade principalmente por meio da Associação dos Municípios do Espírito Santo (Amunes). Ela destaca que além de dados sobre a letalidade, é preciso transparência nas ações, sobre o que está sendo feito e de que forma está sendo realizado. “É muito mais do que saber os números sobre a letalidade, é saber o que fazer para que as pessoas não morram, é preservar vidas”, enfatiza.
Do governo, participaram da reunião representantes da secretaria de Direitos Humanos, subsecretaria de Promoção, Proteção e Defesa dos Direitos Humanos; gerência de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, gerência de Educação do Campo, Indígena e Quilombola; gerência de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, superintendência estadual de Comunicação Social, gerência de Regulação e Ordenação do Sistema de Saúde, referência técnica de Promoção de Equidade da Secretaria da Saúde; Secretaria de Agricultura; e Conselho Estadual de Igualdade Racial.