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Jovens capixabas protestam contra medida que precariza trabalho aprendiz

MP do governo federal vai flexibilizar cumprimento das regras de contratação pelas empresas

Divulgação

Um ato mobilizado pelo Fórum Estadual de Aprendizagem, Proteção ao Adolescente Trabalhador e Erradicação do Trabalho Infantil (Feapeti- ES) reuniu jovens aprendizes em frente à Assembleia Legislativa nessa segunda-feira (16). O protesto foi contra a Medida Provisória 1116/22, do governo federal, que tramita no Congresso Nacional, e é criticada por precarizar o trabalho aprendiz.

“Ela tem um apelo de que vai aumentar as vagas, mas na verdade reduz, porque amplia o tempo de contrato com o adolescente, reduzindo a oportunidades de outros jovens passarem pelo programa”, ressalta a secretária executiva do Feapeti, Roberta Faé.

Os contratos de trabalho que possuem duração de até dois anos terão o limite aumentado para três. Em determinadas situações, esse tempo pode ser estendido para até quatro anos, como nos casos dos adolescentes com deficiência (PCD’s) e daqueles que forem contratados com idade entre 14 e 15 anos incompletos.

Outra alteração que preocupa os jovens é a contagem do número de cotas para pessoas em situação de vulnerabilidade nas empresas. “Um adolescente passa a valer por dois, então a estimativa é de que isso reduza o número de vagas em 400 mil (…) Um dos riscos é aumentar o trabalho infantil, explica Roberta, acrescentando que essa é uma das únicas politicas publicas de combate à prática ilegal.

A contagem dupla valerá para estudantes egressos ou que cumpram medidas no sistema socioeducativo; que estejam em cumprimento de pena no sistema prisional; integrem famílias que recebam benefícios financeiros; estejam em regime de acolhimento institucional; sejam egressos do trabalho infantil ou pessoas com deficiência.

A MP foi encaminhada pelo governo federal ao Congresso no último dia 5 de maio e se apresenta como “modernização das regras de aprendizagem profissional previstas na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT)”. Porém, a medida, que institui o Projeto Nacional de Incentivo à Contratação de Aprendizes, é apontada como uma flexibilização do cumprimento das regras de contratação para empresas.

“A Medida Provisória (MP) nº 1.116, que institui o Programa Emprega + Mulheres e Jovens, promove alterações que intensificam ainda mais a desregulamentação e flexibilização da legislação trabalhista e premiam empregadores que desrespeitam a lei (…) Trata-se de uma MP orientada pela prevalência da liberdade econômica e dos acordos individuais sobre os direitos básicos previstos na legislação e nos acordos e convenções coletivas. Não regula praticamente nada, mas desregula muitos direitos”, alertou o secretário nacional de Assuntos Jurídicos da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Valeir Ertle, em nota publicada nessa segunda-feira (16).

Ele ressalta, ainda, que a MP “sugere aos empregadores aderirem ao programa em troca da isenção das penalidades e multas que sofreram por não cumprirem as quotas de menores aprendizes. Flexibiliza direitos sem gerar empregos e oportunidades para as mulheres e menores aprendizes”.
A medida também é criticada por parlamentares da comissão especial da Câmara sobre o Estatuto do Aprendiz (PL 6461/19). Em audiência pública realizada no último dia 10, o presidente do colegiado, deputado Felipe Rigoni (União) e o relator, deputado Marco Bertaiolli (PSD-SP), chegaram a dizer que haviam pedido ao Ministério do Trabalho e Previdência que a MP não fosse editada, tendo em vista que a comissão já discutia o tema, mas não foram atendidos.

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