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Jovens não percebem a violência que sofrem nos relacionamentos

A pesquisa da Data Popular, encomendada pelo Instituto Avon, divulgada esta semana, avalia a percepção do machismo entre os jovens brasileiros. O estudo reveloou que os jovens reconhecem a existência do machismo – 96% responderam que existe machismo no Brasil. Entretanto, muitos deles demonstraram concordância com os padrões conservadores e machistas. Dos entrevistados, 51% afirmam que a mulher deve ter a primeira relação sexual apenas com um namorado sério e 80% consideram que ficar bêbada em bares ou festas não é um comportamento adequado para uma mulher. 
 
Samira Sanches, representante da Marcha Mundial das Mulheres, afirma que o machismo muitas vezes não é enxergado nas práticas cotidianas: “Quando se fala em violência contra a mulher, se fala basicamente na violência doméstica. É difícil para as pessoas reconhecerem a violência nas práticas do dia a dia.”
 
Essa falta de percepção dos problemas que envolvem o discurso machista também se expressa nos relacionamentos. As jovens entrevistadas, por exemplo, não reconhecem a humilhação e controle do parceiro como uma forma de opressão. 
                                
 
Na pesquisa, quando perguntadas de maneira espontânea, apenas 8% das mulheres admitem já terem sofrido alguma forma de violência, enquanto 4% dos homens assumem já terem praticado. Já na pesquisa estimulada, o número de mulheres que dizem ter sofrido alguma forma de violência ou controle do parceiro sobe para 66% e o número de homens que já praticaram alguma violência contra a parceira passa para 55%. 
 
 
Dentre as violências especificadas, a psicológica se destaca. Das entrevistadas, 35% reconhecem que já foram xingadas pelo parceiro; 33% afirmam que foram impedidas de sair de casa usando determinada roupa; 12% delas já foram humilhadas em público e 9% obrigadas a fazer sexo com o parceiro, mesmo contrariadas.
 
 
Sanches destaca que o controle por parte do homem é naturalizado e muitas vezes a mulher não consegue se enxergar em uma situação de violência. “Ainda existe essa ideia de que o papel da mulher é atender as necessidades do homem, especialmente as sexuais. A pesquisa mostra a naturalização dessa violência, que se expressa principalmente através da violência psicológica”, completa a militante.
 
A pesquisa “Violência contra a mulher: o jovem está ligado?” foi realizada com 2.046 jovens, entre 16 e 14 anos. As entrevistas foram feitas pela internet entre os dias 8 e 13 de novembro de 2014.

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