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Juventude negra: marcha sairá da Praça Costa Pereira rumo ao Mucane

Ato que marca luta contra o extermínio da juventude negra terá como tema: “nascem milhares dos nossos cada vez que um nosso cai”

A 15ª edição da Marcha Estadual Contra o Extermínio da Juventude Negra terá como ponto de partida a Praça Costa Pereira, no Centro de Vitória, com concentração às 14h. De lá, os manifestantes seguirão rumo ao Museu Capixaba do Negro (Mucane), no Parque Moscoso. Com o tema “nascem milhares dos nossos cada vez que um nosso cai”, o ato será realizado no próximo dia 19 (sábado), véspera do Dia da Consciência Negra.

A manifestação, realizada pelo Fórum Estadual da Juventude Negra do Espírito Santo (Fejunes), sempre ocorreu no dia 20, mas este ano não será possível, devido à realização do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). O tema, que representa a continuidade histórica da luta antirracista, “traz nossa principal pauta, o direito à vida para a juventude negra, cláusula pétrea da Constituição de 1988 que ainda não foi efetivada”, aponta Filipe Lima, um dos integrantes do Fejunes.

O Fórum se articula com o Movimento Negro do Espírito Santo para cobrar do poder público o cumprimento de direitos sociais previstos na Carta Magna. “Em síntese, consideramos que os investimentos públicos nas áreas sociais são insuficientes para atender às demandas da população em geral. Outra pauta não menos importante é a defesa e ampliação da Lei de Cotas, que este ano se encontra em revisão”, destaca Filipe.
Depois de sair da Praça Costa Pereira, os participantes passarão pelo Bar da Zilda, rua Sete de Setembro, Praça Ubaldo Ramalhete e Avenida Jerônimo Monteiro. O trajeto, segundo o presidente do Conselho Estadual da Juventude (Cejuve) e integrante do Fejunes, Ramon Matheus, vai ao encontro da necessidade de um olhar mais atento para as comunidades periféricas, por isso, passará pela escadaria da Piedade. Incluir o Bar da Zilda, afirma, trata-se de uma forma de repúdio às retaliações que o estabelecimento vem sofrendo por parte da gestão do prefeito Lorenzo Pazolini (Republicanos) e por se tratar de “um lugar de resistência da cultura popular capixaba.
Atlas da Violência
Para elaborar suas reivindicações, a entidade se baseia no fato de que jovens e negros são as maiores vítimas da violência no Espírito Santo, de acordo com o relatório Atlas da Violência 2021. Segundo o levantamento do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, 53,35% dos homicídios registrados no Estado entre 2009 e 2019 foram de homens de 15 a 29 anos. Já os negros foram vítimas de quase 78% dos crimes. O mesmo levantamento aponta que, no Brasil, um negro tem 2,6 vezes mais risco de ser assassinado do que um não negro.

Para o Fejunes, os dados refletem a desigualdade social, o racismo estrutural e o histórico de negação de direitos à população negra no país. “Infelizmente nosso atual modelo de sociedade privilegia os interesses de uma camada social minoritária, em função da sua condição financeira, em detrimento da maior parte da população, que é composta por pequenos empreendedores e trabalhadores, alimentando assim tanto as desigualdades quanto o racismo”, analisa Filipe.

Para ele, a construção de uma sociedade mais igualitária e livre do racismo passa pela redução das desigualdades socioeconômicas, aliada à implementação de políticas públicas voltadas para a população negra que visem reduzir as desigualdades entre brancos e negros.

“Isso poderia ser feito de inúmeras formas: posso mencionar o aumento do salário mínimo, mais investimento na educação básica, com o fortalecimento do Fundeb [Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação] nas escolas públicas, maiores investimentos nas políticas de assistência estudantil no ensino superior, ampliação da política de cotas para a pós-graduação e concursos públicos, e a expansão das linhas de créditos para pequenos empreendedores”, exemplifica.

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