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Livro de Marielle Franco será lançado em Vitória

Não é à toa que dizem que Marielle Franco, vereadora assassinada no Rio de Janeiro, virou semente. Nas últimas eleições três de suas assessoras foram eleitas deputadas. Além da trajetória política, o trabalho acadêmico de Marielle também segue pulsando. Sua dissertação de mestrado, transformada no livro UPP: A redução da favela a três letras, é lançada por todo Brasil. Em Vitória, a obra será apresentada no dia 8, às 14h, no Museu Capixaba do Negro (Mucane).

O lançamento faz parte de uma jornada em que a obra será lançada no mesmo dia em 18 cidades do Brasil. No estudo que foi elaborado em seu mestrado em Administração pela Universidade Federal Fluminense (UFF), Marielle analisa de forma crítica a experiência das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) nas favelas do Rio de Janeiro. O trabalho foi transformado em livro pela editora N-1, que destinará a renda para a família da vereadora assassinada. O prefácio da obra é de Frei Betto.

No Espírito Santo, assim como em outros lugares do Brasil, os lançamentos têm sido feitos de forma independente a partir de grupos e coletivos ligados principalmente às frentes de lutas em que Marielle atuava, como grupos de mulheres, de moradores de favelas, LGBTs, movimento negro e outros.

O assassinato de Marielle, que completa 9 meses em dezembro, ainda segue sem respostas ou explicações concretas sobre as causas e executores. “Marielle foi sujeito político que deu vida pelas causas que tinha e perdeu a vida por elas”, diz Mayara Santiago, uma das organizadoras do lançamento em Vitória.

Mayara conta que a dissertação de Marielle, que foi analisada pelo grupo de estudos Leia Intelectuais Negras, do qual participa, traz muitos aspectos que podem ser comparados com a realidade dos territórios capixabas. “Ela fala por exemplo de como a política de segurança pública se reduz à policiamento e armamento, à repressão de uma sociedade. Fala de como a pobreza é criminalizada e como o corpo negro é visto como objeto”.

Mas não só de opressão fala o texto. Ela também aponta como é feita a resistência a todo esse processo pelas comunidades. “Os moradores vão criando formas de resistência apesar de estar sendo massacrados. Ela mostra, por exemplo, como criaram um bloco de carnaval usando a cultura afrobrasileira para protestar. Conseguem se organizar politicamente não só através da luta, mas também de forma saudável e de afirmação da vida, mesmo no meio de tanta morte”

Mayara chama atenção também para o conceito de utopia que Marielle apresenta no livro, não como algo distante da realidade e relegado ao futuro, mas como uma coisa que se constrói no presente com a luta feita a partir do próprio corpo para poder visualizar outra sociedade.

Em Vitória, as homenagens no dia 8 começam às 9h com o Sarau Marielle, que acontece em Jaburu, durante o Encontro de Favelas. No Mucane, o lançamento do livro terá início às 14h e será seguido de uma série de atividades políticas e culturais no Mucane. Às 14h40 haverá contação de histórias e às 15h10 uma roda de conversa sobre a pesquisa de Marielle que culminou no livro.

Após o debate, o momento será de intervenções artísticas e culturais com palco aberto. O encerramento ficará por conta do Bloco Afro Kizomba.

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