À Associação de Cabos e Soldados do Estado (ACS/PMBM-ES), a mãe de Nero, Sandra Regina Lima Rocha Vieira, relatou como vem sendo o período em que o filho permanece preso. Segundo Sandra, a prisão de Nero foi, desde o cumprimento do mandado de prisão, violenta.
Ela contou que o filho foi jogado na viatura algemado, como se fosse um bandido perigoso e, em vez de ser levado para o Hospital da Polícia Militar, foi para o Hospital Estadual de Atenção Clínica (Heac), conhecido como Adauto Botelho, e foi sedado. No local, segundo a mãe, ele foi amarrado pelas pernas e braços com lençois, além do peito, de forma tão apertada que ele mal conseguia respirar e foi desta forma que ele foi interrogado.
Ela atribui o surto que o soldado teve, dias depois da prisão, ao fato em si e a truculência do governo.
Sandra Regina também apontou que, antes de ser preso, o soldado estava afastado das atividades para tratamento psiquiátrico e já vinha sendo investigado. A família via viaturas descaracterizadas com policiais à paisana fazendo fotos da casa do soldado e monitorando a movimentação da residência de Nero. Ela acredita que, como não conseguiram atribuir nenhum crime ao filho, o acusaram pelas postagens no Facebook. Ela questionou o fato de ele ter sido preso por indisciplina sendo que estava “baixado”.
A situação da cela do soldado também foi relatada pela mãe do soldado. Ele divide cela com outros três militares. As condições, segundo a mão do PM, são deploráveis. O esgoto sanitário corre pelo chão e são os próprios militares os responsáveis por limpar a água pode, com sacolas nos pés e nas mãos. Sandra teme que o filho e os outros militares se contaminem com o esgoto.
Sumário
O sumário de acusação do soldado Nero Soares foi marcado para o dia 11 de setembro. Ele foi preso em 16 de junho e transmitiu pela internet o momento do cumprimento do mandado de prisão.
O soldado é conhecido on-line por fazer apontamentos bem-humorados sobre a realidade de ser um praça no Estado, além de denunciar excessos contra policiais ocorridos durante o movimento dos familiares de policiais militares em fevereiro deste ano, que deixou o Estado sem policiamento ostensivo por 22 dias. Ele denunciou, na época, que policiais estavam dando entrada no Hospital da Polícia Militar (HPM) com problemas psicológicos pela pressão sofrida para voltarem às ruas sem garantias de segurança.