Manifestação saiu da Ufes em direção à Assembleia Legislativa e pede a prisão dos golpistas e de Bolsonaro
Para dar uma resposta imediata contra os atos terroristas feitos em Brasília, praticados por grupos de extrema direita, que não aceitam a derrota do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), cidadãos contrários às ações golpistas ocorridas nesse domingo (8) tiveram apenas 24 horas para organizar um ato em defesa da democracia. Apesar do pouco tempo, a manifestação saiu da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), campus de Goiabeiras, no final da tarde desta segunda-feira (9) rumo à Assembleia Legislativa, exigindo a prisão dos defensores do golpe e de Bolsonaro.
A punição, conforme defenderam os manifestantes, não deve ser somente para Bolsonaro e para quem cometeu as depredações e agrediu fisicamente policiais militares do Distrito Federal e sua cavalaria, mas também para quem incitou as violências e para quem as financiou. Diante disso, “parlamentar golpista, aqui não tem perdão! Alô, Magno Malta, quero a sua cassação!” foi uma das palavras de ordem entoadas, pois o senador postou um vídeo nas redes sociais no qual faz convocação para uma greve geral no dia dos ataques terroristas.
O trajeto contou com uma pausa na sede da Petrobras, na Reta da Penha, como forma de protestar contra os planos dos golpistas de invadir refinarias da estatal. Logo após os atentados contra as três sedes de poderes federais em Brasília, a Federação Única dos Petroleiros (FUP) enviou ofício à Gerência de Inteligência e Segurança Corporativa da Petrobras alertando sobre as ameaças identificadas nas redes sociais e pedindo reforço na segurança das unidades.
Na parada em frente à empresa, o diretor da Secretaria de Formação Política do Sindicato dos Petroleiros do Espírito Santo (Sindipetro-ES), Wallace Ouverney, destacou que “vencemos Bolsonaro, mas precisamos vencer ainda o bolsonarismo”. “Ninguém soltou a mão de ninguém. Devemos continuar de mãos dadas para mostrar que nós sim estamos do lado da democracia, do nosso país, que nós sim somos patriotas. Eles [os golpistas] são patriotários”, disse.
A crença de que é preciso vencer o bolsonarismo fez com que a tônica da manifestação fosse de que esta seria a primeira de muitas durante o Governo Lula (PT). A deputada estadual eleita e diplomada, Camila Valadão (Psol), destacou que “se for necessário, ocuparemos as ruas todos os dias”, e acusou a extrema direita de “usar golpe e terrorismo como método para invalidar o desejo popular consolidado no dia 30 de outubro”. A deputada estadual Iriny Lopes (PT) deixou claro que o desafio nunca foi somente ganhar a eleição, mas também “transformar o Brasil em uma democracia real”.
A deputada federal eleita e diplomada, Jack Rocha (PT), salientou que o que Brasil e os brasileiros querem é o do discurso de posse feito pelo ministro dos Direitos Humanos e Cidadania, Silvio Almeida, que se comprometeu a rever todos os atos pautados no ódio e no preconceito. Os manifestantes passaram em frente à Igreja Universal do Reino de Deus, na avenida Reta da Penha. Diante de tantos pronunciamentos de pastores de diversas denominações incitando fiéis contra o resultado das eleições presidenciais, a vereadora de Vitória, Karla Coser (PT), convidou membros que estavam assistindo ao protesto na escadaria da igreja para se unir aos manifestantes.
“Convido os contrários à destruição do patrimônio público, os que defendem um Deus que prega o respeito, um Deus que não manda entrar no Palácio do Planalto e ‘cagar’ no Palácio do Planalto”, convocou, referindo-se às imagens que circulam nas redes sociais de terroristas evacuando no prédio. Karla também destacou que “as eleições foram limpas e democráticas”.
A atuação do ministro do STF, Alexandre de Moraes, na punição aos golpistas, foi lembrada durante a manifestação e incentivada com a palavra de ordem “pode chorar ou se esconder, não adianta, Xandão vai pegar você”, expressando o desejo de punição para golpistas que agora tentam eliminar rastros de seus crimes, por exemplo, apagando postagens nas redes sociais, e para o próprio Bolsonaro, que antes mesmo de seu mandato acabar fugiu para os Estados Unidos com a esposa, Michele Bolsonaro.