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Mapa da Violência 2015: Estado permanece em segundo lugar em homicídios femininos

A Faculdade Lationoamericana de Ciências Sociais (Flacso) lançou, nesta segunda-feira (9), o Mapa da Violência 2015 – Homicídio de Mulheres no Brasil, que põe, mais uma vez, o Estado como o segundo mais violento do País para mulheres, superado apenas por Roraima. De acordo com o estudo conduzido pelo sociólogo Julio Jacobo Waiselfisz, que se baseia em dados de 2013, o Estado registrou 9,3 homicídios por grupo de 100 mil mulheres.

O estado que ficou em primeiro lugar em homicídios naquele ano foi Roraima, com taxa de 15,3 por 100 mil. O estudo faz uma série histórica das mortes de mulheres no Estado que mostra que não há tendência de queda de homicídios de mulheres, já que as taxas oscilam ano a ano e não demonstram redução significativa.

A variação dos homicídios entre 2003 e 2013 ficou em 8,6%. O estado de Alagoas, que liderou por muitos anos o ranking de homicídios de mulheres agora ocupa a quarta posição, registrando 8,6 mortes por 100 mil em 2013.

 
 
Assim como em anos anteriores, Vitória ficou em primeiro lugar dentre as capitais mais violentas do País em 2013 e registrou 11,8 mortes de mulheres por grupo de 100 mil. Maceió é a segunda capital mais violenta, com 10,7 homicídios de mulheres por 100 mil.

Além de a Capital ser a mais violenta do País, o Estado ainda tem dez municípios dentre aqueles com mais homicídios de mulheres, considerando municípios com mais de 10 mil habitantes. Sooretama (norte do Estado) é o município mais violento do Estado, segundo o Mapa, e o terceiro do País, com taxa média entre os anos de 2009, 2010, 2011 e 2012 de 21,8 homicídios de mulheres por 100 mil. O estudo sugere que, por conta do número absurdo de homicídios femininos em Alexânia (GO) e em Sooretama, os conflitos e contradições devem ser profundamente estudados, para poder determinar as causas de produção dessa violência contra as mulheres.

Além de Sooretama, também estão entre os mais violentos do País os municípios de Pinheiros, na região norte, com taxa de 16,7 por 100 mil; Serra, com 16,4 homicídios femininos por grupo de 100 mil mulheres; Jaguaré, no norte, com 16,1 por 100 mil; Cariacica, com 14,8 por 100 mil; Baixo Guandu, na região noroeste, com 14,8 por 100 mil; Linhares, na região norte, com 13,3 por 100 mil; Barra de São Francisco, no noroeste, com 12,8 por 100 mil; Vila Velha, com 11,6 por 100 mil; e Viana, com 11,2 homicídios femininos por grupo de 100 mil mulheres.

 
  
 
Um dado que corrobora com a tese de que a violência letal contra mulheres ocorre, na maioria das vezes, no seio familiar é a origem da agressão. No Mapa da Violência 2015 foi feito um levantamento sobre a relação da vítima e do agressor com base na Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O questionário indaga, no quesito 0039: “Nos últimos 12 meses, o(a) sr(a) sofreu alguma violência ou agressão de pessoa conhecida (como pai, mãe, filho(a), cônjuge, parceiro(a), namorado(a), amigo(a), vizinho(a))?”. Das 52.908 pessoas pesquisadas no Estado, 42.397 mulheres responderam que sofreram agressão por pessoa conhecida e 10.511 homens responderam afirmativamente â essa questão.

Quando se toma os casos daqueles que foram agredidos por pessoa desconhecida, os números praticamente se invertem. Das 59.176 pessoas pesquisadas, 32.252 homens responderam que foram agredidos por desconhecidos e 26.924 mulheres responderam o mesmo.

Outro dado alarmante que o Mapa da Violência apresenta são os índices de homicídios de mulheres negras no Estado. Enquanto as taxas de mortes violentas de mulheres brancas oscilam na série histórica, mas se mantêm baixas, as de mulheres negras seguem ascendentes em níveis muito superiores aos de brancas.

 
  
 
Enquanto em 2013 a taxa de homicídios de mulheres brancas no Estado ficou em 4,5 por 100 mil, a de mulheres negras chegou a 11,1. O índice de vitimização negra nos homicídios de mulheres no Estado chega a 147%, ou seja, uma mulher negra tem 147 mais chances de ser assassinada no Estado do que uma mulher branca.

Dia Laranja

O mês de novembro foi escolhido para o lançamento do Mapa da Violência 2015 – homicídio de mulheres no Brasil por se tratar do mês de combate à violência contra a mulher. O dia 25 de novembro tem um significado especial para o combate a este tipo de violência. A campanha UNA-SE Pelo Fim da Violência contra as Mulheres, lançada pelo secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, proclamou o dia 25 de cada mês como um Dia Laranja em que, em todo o mundo, agências das Nações Unidas e organizações da sociedade civil promovem atividades para dar mais visibilidade às questões que envolvem a prevenção e a eliminação da violência contra mulheres e meninas. A campanha é descrita como um movimento solidário que tem como foco a igualdade de gênero.

Além disso, o 25 de novembro foi instituído como o Dia Internacional de Eliminação da Violência contra as Mulheres. Em 1999, a Assembleia Geral das Nações Unidades escolheu esse dia como lembrança do dia 25 de novembro de 1960, quando as três irmãs Mirabal, ativistas políticas na República Dominicana, foram assassinadas a mando do ditador Rafael Trujillo.

Por fim, o mês de novembro marca o início dos 16 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra as Mulheres. Os 16 dias referem-se ao período de 25 de novembro a 10 de dezembro, datas em que são celebrados o Dia Internacional para Eliminação da Violência contra Mulheres e o Dia Internacional dos Direitos Humanos, respectivamente.

Além de chamar atenção para o fim da violência contra as mulheres, os 16 Dias de Ativismo reforçam a importância da defesa e garantia dos direitos humanos para as mulheres. No Brasil, a Campanha tem início um pouco antes, no dia 20 de novembro, declarado o Dia Nacional da Consciência Negra – para reforçar o reconhecimento da opressão e discriminação históricas contra a população negra e ressaltar o grande número de mulheres negras brasileiras vítimas da violência de gênero.

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