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Marcha contra o Extermínio da Juventude Negra pede o fim da violência contra as mulheres

Nesta segunda-feira (20) é celebrado o Dia Nacional da Consciência Negra e, no Estado, também é o dia em que tradicionalmente é realizada a Marcha Estadual contra o Extermínio da Juventude Negra. O tema da décima edição da marcha foi “Vidas das Mulheres Negras Importam” escolhido diante do fato de que o Estado é o que mais mata mulheres negras no País.
 
A marcha teve início na Casa Porto, no Centro de Vitória e seguiu até o Palácio Anchieta, sede do governo estadual.
 
O coordenador do Círculo Palmarino, Luiz Inácio Silva da Rocha, o Lula, ressalta que a marcha completou uma década de luta, mas o governo ainda nega o diálogo franco com os movimentos sociais. “As políticas ditas de redução de homicídio são gestadas em gabinetes. Por isso, seguiremos ocupando as ruas como forma de resistência e pressão”.
 
Por ocasião do Dia Nacional da Consciência Negra, a agência de fact-checking, Aos Fatos, em parceria com o Instituto Igarapé, atualizou os dados da violência contra o povo negro no País com os dados mais recentes do Sistema de Informações sobre Mortalidade do Datasus. Assim como já atestam outros estudos do gênero, o levantamento coloca o Espírito Santo em primeiro lugar em homicídios contra mulheres e contra mulheres negras.
 
De acordo com o levantamento, em 2015 a taxa de homicídios de mulheres negras no Estado ficou em 13 mortes violentas por grupo de 100 mil habitantes, enquanto a de brancas ficou em 3 por 100 mil. Isso equivale a dizer que, no Estado, uma mulher negra tem quatro vezes mais chances de ser assassinada que uma mulher branca.
 
Lula Rocha aponta que os serviços voltados ao enfrentamento à violência contra a mulher estão sendo sucateados.  “Enquanto isso, o governo Paulo Hartung lança medidas midiáticas sem qualquer tipo de construção com os movimentos sociais. Além disso, quando se fala da morte de mulheres negras sofremos com a invisibilidade e com a comoção social seletiva”.
 
Em outubro deste ano, o Conselho Estadual em Defesa dos Direitos das Mulheres do Espírito Santo (Cedimes) divulgou uma carta ao governo do Estado e à população repudiando a utilização de campanhas publicitárias pelo fim da violência contra a mulher, apontando que as campanhas visam apenas a promoção pessoal e política do atual governo.
 
O Cedimes alertou que fica sob suspeição a postura de um governo que historicamente ignorou o problema e hostilizou os movimentos feministas e de mulheres e que agora aparece na grande mídia conclamando a sociedade a lutar pelo fim da violência contra a mulher, ressaltando que, enquanto organismo de controle, o conselho pode afirmar que além de ações paliativas, o governo não realiza política pública séria e contínua de enfrentamento à violência contra as mulheres.
 
A leniência tem contribuído de forma decisiva para que o Estado lidere, há quase duas décadas, os rankings nacionais de violência e feminicídio, principalmente de mulheres negras e pobres.
 
O Cedimes afirmou que o Estado não tem uma política de enfrentamento à violência contra as mulheres e, ainda que o próprio colegiado e outros movimentos feministas tenham apresentado propostas, principalmente na área de segurança pública e direitos humanos, elas sequer foram consideradas. “É um governo que não exerce a escuta da sociedade civil organizada, pelo contrário, trata com hostilidade dos movimentos sociais”.
 
Mercado de Trabalho
 
O racismo que ainda persiste na sociedade brasileira atualmente também é expresso nos números do mercado de trabalho. Na última sexta-feira (17), o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou os dados do terceiro semestre de 2017 da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua que apontou que dos 13 milhões de desocupados no País, 63,7% são negros, o que equivale a uma população de 8,3 milhões de pessoas.
 
Na ocasião, Lula também lembrou que o racismo mais uma vez se expressou nos números, revelando que ainda produz desigualdades no País. A população negra, segundo ele, sofre os piores impactos da crise que o País enfrenta, reforçando a necessidade do desenvolvimento de políticas de combate ao racismo no Brasil.

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