A tradicional Marcha pela Vida e Cidadania, que vai às ruas de Cariacica todo 1º de maio, Dia do Trabalhador, chega à 25ª edição este ano, com o tema “Resistindo por um mundo sem ódio e sem guerra”. A concentração será às 8h30, na comunidade católica Nossa Senhora da Penha, no bairro Morada de Santa Fé, de onde os participantes sairão rumo à Associação Reame, projeto social com foco em crianças e adolescentes, no bairro Cruzeiro do Sul.
A marcha é realizada pela Pastoral Operária da Arquidiocese de Vitória, juntamente com o Fórum das Pastorais; sindicatos, como os dos Bancários e Enfermeiros; movimentos sociais, como o Fórum de Mulheres de Cariacica; Federação das Associações de Moradores de Cariacica (Famoc); Associação Intermunicipal Ambiental em Defesa do Rio Formate e seus Afluentes (Asiarfa); e centrais sindicais, como intersindical – Central da Classe Trabalhadora.
A agente da Pastoral Operária, Kátia Mariano, afirma que o tema deste ano dialoga com o da Campanha da Fraternidade, que trata da amizade social, e com o contexto de guerras que vêm acontecendo, como entre Israel e Palestina. Ela destaca que, no Brasil e Espírito Santo, há outros tipos de guerra, que levam à luta “pela sobrevivência do povo preto, das juventudes e das mulheres em busca do novo céu e nova terra, como anuncia o profeta Isaias”. Esse novo céu e essa nova terra, explica, são os lugares “onde a justiça brota como fonte de vida, de paz, é a eliminação das desigualdades, a garantia de oportunidades para todos”.
Uma das denúncias a ser feitas durante a Marcha é em relação às ações policiais nas periferias, que têm sido marcadas pela violência, principalmente contra a juventude negra e periférica. “Escolheram a repressão policial como política de segurança pública, sendo que não se garante segurança pública sem políticas como as de trabalho, educação e cultura”, diz.
A falha no direito à moradia, afirma Kátia, está evidente nas inúmeras ocupações no Estado, como a Chico Prego, no prédio da escola São Vicente de Paula, no Centro de Vitória. A marcha também vai denunciar problemas como a precariedade do transporte público e a não reparação dos danos sociais, econômicos e ambientais causados pelo crime da Samarco/Vale-BHP.
No trajeto, informa Kátia, serão rememoradas pessoas já falecidas que marcaram a história dos movimentos populares no Espírito Santo, como o fundador da Pastoral Operária, Maurício Amorim; o padre Gabriel Felix Roger Maire; e Aloir Palaoro, liderança comunitária do bairro Vila Palestina, que faz parte do trajeto a ser percorrido.
Ao contrário dos anos anteriores, a Marcha não terá a divisão nas alas de meio ambiente, direitos sociais, e direitos trabalhistas e humanos. A ideia, segundo Kátia, é transmitir que essas pautas dialogam entre si e que a sociedade civil está mobilizada coletivamente em torno delas. A agente de pastoral diz, ainda, que será também um pré Grito dos Excluídos, que este ano tem como lema “Todas as formas de vida importam, mas quem se importa?”.