Entidades do Movimento Negro marcaram para a sexta-feira (28) a realização da I Marcha das Mulheres Negras. Em plenária realizada nesse sábado (15), foi definido que a Marcha será no Centro de Vitória, a partir das 16h, mas o trajeto ainda será decidido. O tema é “Contra a Violência, o Racismo, o Machismo, o Fascismo e pelo Bem Viver.” “A marcha será o grito das mulheres negras para um governo que não quer ouvi-las”, diz a coordenadora estadual do Círculo Palmarino, Ana Paula Rocha.
Além do Círculo Palmarino, outras entidades do Movimento Negro fazem parte da organização, como o Fórum Nacional de Mulheres Negras, Movimento Negro Unificado (MNU), União de Negros e Negras pela Igualdade no Espírito Santo (Unegro), Bloco AfroKizomba e Coletivo Zacimba Gaba.
A marcha irá denunciar, por exemplo, o terrorismo de Estado nas periferias, a fome e o desemprego. “As mulheres negras sustentam suas famílias, chefiam seus lares, mas a gente não vê políticas públicas de geração de renda. Fica sempre no empreendedorismo, na precarização. Como se ensinar a fazer bolo de pote e unha em gel sem políticas sociais fosse mudar as condições de vida dessas mulheres”, diz.
O terrorismo de Estado, aponta Ana Paula, está nas inúmeras ações violentas da Polícia Militar (PM) nas periferias e na
atuação do secretário estadual de Segurança Pública e Defesa Social, Alexandre Ramalho, que nos últimos tempos tem utilizado as redes sociais para postar vídeos de apreensões, prisões, armas, apelos, “conselhos” a pessoas apreendidas pela Polícia e bordões como “vamos pra cima!”, sempre aparecendo como a figura principal. “Quer ser famosinho em cima da criminalização das comunidades periféricas capixabas. É inadimissível que ele permaneça à frente da Sesp. Esse homem rivaliza com a nossa existência”, diz a coordenadora estadual do Círculo Palmarino.
Ana Paula também destaca que a monocultura do eucalipto e a implantação de inúmeros portos, “que destroem a pesca, causam mais morte, fome e violência para quilombolas, indígenas e marisqueiras”, também serão denunciadas. Ela recorda, ainda,
que na véspera do último Dia Internacional da Mulher, as mulheres quilombolas do Sapê do Norte, que abrange São Mateus e Conceição da Barra, não foram recebidas pelo governador Renato Casagrande (PSB), conforme solicitado em documento protocolado no Palácio da Fonte Grande dias antes, e também não foram atendidas pela secretária de Direitos Humanos, Nara Borgo.
No que diz respeito à violência contra a mulher, Ana Paula denuncia que não há, por exemplo, políticas de acolhimento e encaminhamento ao mercado de trabalho. Além dessas, as mulheres negras reivindicarão a garantia de outros direitos, como os de moradia digna e economia popular.