Neste ano, além da premiação destinada à personalidade do ano (Padre Kelder) e à entidade destacada (Raízes da Piedade), o Conselho Estadual de Direitos Humanos (CEDH) fará também a entrega de um prêmio especial ao ativista e advogado Bruno Toledo, ex-presidente do Conselho e da Comissão de Justiça e Paz (CJP), extinta este ano pela Arquidiocese de Vitória.
“O companheiro Bruno Toledo representa emblematicamente as lutas pelos direitos humanos às quais nos dedicamos continuamente e muito nos honra oferecer essa homenagem a ele”, afirma texto divulgado por conselheiros e conselheiras do CEDH nas redes sociais da entidade nesta segunda-feira (26).
O Conselho Estadual de Direitos Humano já havia anunciado, no último dia 11 de novembro, os escolhidos para receber o Prêmio Estadual de Direitos Humanos: o projeto Raízes da Piedade (como instituição) e o Padre Kelder Brandão (como personalidade). Agora, Toledo foi incluído como homenageado especial. O Prêmio será entregue no dia 10 de dezembro, às 9 horas, no Palácio Sonia Cabral, antiga sede da Assembleia Legislativa, localizada na Cidade Alta, Centro de Vitória.
Bruno Toledo recebeu com emoção a homenagem, que, segundo ele, é compartilhada com militantes que estão na luta há muitas décadas; entre alguns deles, Brice Bragato, Isaías Santana, Gilmar Ferreira e Padre Kelder. “Desde 2003, ainda na Universidade, no Centro Acadêmico de Direito, participei de lutas coletivas importantes, como o Fórum Reage-ES, na luta contra a corrupção e o crime organizado no Espírito Santo, ao lado dessas figuras. Sou cria do movimento de direitos humanos no Estado. Fiquei muito emocionado com a homenagem e só tenho a agradecer”, disse o militante, que é também articulista de Século Diário.
Em agosto deste ano, Bruno Toledo, o então presidente da Comissão de Justiça e Paz da Arquidiocese de Vitória, renunciou ao cargo depois que o ex-arcebispo metropolitano dom Luiz Macilha, agora licenciado, recebeu o senador Magno Malta (PR), conhecido por defender bandeiras como a redução da maioridade penal e a pena de morte, numa verdadeira cruzada contra a legalização do aborto. Segundo Bruno, que estava na Comissão de Justiça e Paz há seis anos, sendo os últimos três deles na presidência, a decisão de entrega foi tomada “por chegar ao limite”.
“Não poderia continuar porque estaria indo contra a minha essência, ao que acredito, ao que sou. Já passei por situações de eventuais contradições, mas que foram superadas por serem menores. Mas cheguei no limite. Não poderia estar numa entidade em que seu representante abraça um político que defende a pena de morte e a redução da maioridade penal. Se a luta é pela vida, deve ser uma luta pela vida de maneira mais ampla. O arcebispo abraça o senador que defende a pena de morte no dia em que o Papa Francisco toma uma decisão histórica, mudando o catecismo da Igreja, se colocando contra a pena de morte”, escreveu Toledo à época.
De acordo com Deborah Sabará, presidente do CEDH, o objetivo do prêmio é fomentar a luta pelos Direitos Humanos no Espírito Santo e, para isso, é lançado um edital com critérios e datas específicas para que propostas com sugestões de candidatos em duas categorias (instituições e personalidades) sejam enviadas por pessoas de todo o Estado. Depois disso, é realizada uma votação entre os conselheiros na reunião do Pleno, decidindo os vencedores.
“Recebemos muitas sugestões, de instituições e pessoas. Debatemos no Conselho a importância dos trabalhos realizados pelo padre Kelder, como as missas que o religioso celebrou em atenção a pessoas assassinadas; além da luta do padre contra o racismo, a violência policial. Também o do projeto Raízes da Piedade, que nasceu da escola de samba como forma de resgatar pessoas que nasceram naquela comunidade; utiliza a história do samba para proteger as crianças, reduzir a violência”, explicou Deborah.