Coletivo Lares convocou ação silenciosa em protesto diante de mensagem da Primeira Igreja Batista do município
Dezenas de manifestantes compareceram com velas nas mãos na noite dessa quarta-feira (13) numa manifestação contra a ação da Primeira Igreja Batista de Aracruz (Pibara), que instalou em sua sede um outdoor com mensagens consideradas homofóbicas. A ação foi convocada pelo Coletivo Lares, que reúne pessoas LGBTQIAPN+ do município,, localizado no norte do Estado. Além da manifestação, o grupo fez uma nota de repúdio em vídeo e também busca responder de forma jurídica, com apoio de outras entidades, por meio de denúncias ao Ministério Público Estadual (MPES).
O grupo também avaliou ser importante se mobilizar para essa ação presencial de denúncia em frente ao local do outdoor, que continua exposta, levando seus cartazes e faixas. “O ato não foi divulgado nas redes sociais por motivo de segurança nossa. Mesmo assim, conseguimos ocupar a rua com 30 pessoas, um número significativo aqui para a realidade LGBT do município. Levamos vela para representar luz e ao mesmo tempo luto pelo outdoor que propicia a violência aos nossos corpos”, ressaltou João Victor Padilha, membro do Lares.
“Foi uma manifestação silenciosa. A ideia foi mostrar à igreja que estamos aqui e organizades. O medo não nos imobiliza mais. Não deixaremos mais passar atos e situações LGBTfóbicas em Aracruz. É sobre florescimento da comunidade LGBTQIAPN+ num município interiorano conservador. Nós existimos e resistimos aqui!”, afirmou
A mensagem da Pibara foi instalada na última sexta-feira (8) e causou indignação entre pessoas que passaram em frente, sendo que muitas delas, LGBTQIA+ ou não, acionaram a página do coletivo Lares para denunciar.
Não é a primeira vez que a igreja tem uma iniciativa do tipo, já que em 2020, no mesmo local, foi instalada uma mensagem de teor transfóbico sobre o Dia dos Pais. “Na época, o coletivo arrecadou dinheiro por meio de rifa para colocação também de outdoor para nos posicionar. Por essas situações, o coletivo acredita que há uma perseguição explícita por parte da igreja à comunidade LGBTQIAPN+ no município de Aracruz”, denuncia João Victor.
Para ele, a realidade dessa comunidade no município é “perversa”. “Não temos áreas de lazer, como boates e bares para nos encontrar. A prefeitura não sabe quem somos e não faz questão de saber. Os vereadores nunca se disponibilizaram a uma conversa com o coletivo, para pensarmos em políticas públicas voltadas para nossa população. É uma cidade conservadora e moralista religiosamente”, expõe.
Segundo o ativista, há grande medo das pessoas LGBTQIAPN+ de se exporem e isso afetas seus trabalhos, amizades e laços familiares “Há uma armário grande ainda aqui no município. Mas há esperança…sempre há, né? O coletivo Lares é uma delas!”, exalta João Victor Padilha.
Igreja de Aracruz pode responder por crime de transfobia
https://www.seculodiario.com.br/direitos/igreja-de-aracruz-pode-responder-por-crime-de-transfobia