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Movimento Negro fará ocupação simbólica da Câmara de Vitória nesta quinta-feira

Candidatos negros das eleições deste ano participarão do ato, que denunciará a desigualdade racial no legislativo

O Círculo Palmarino, entidade do Movimento Negro, realizará um ato na Câmara de Vitória nesta quarta-feira (12), às 11h. Será uma ocupação simbólica, com a participação de candidaturas negras ao legislativo da Capital este ano, para denunciar a desigualdade racial no parlamento e chamar atenção da população para a importância de votar em candidatos negros que defendam pautas históricas como cotas raciais, obrigatoriedade do ensino da África e relações étnico-raciais nas escola, e medidas de enfrentamento ao extermínio da juventude negra.

Apesar de o ato acontecer na Câmara de Vitória, segundo o coordenador do Círculo Palmarino, Lula Rocha, o Movimento Negro quer, com a ação, defender a ampliação da representação negra em cada um dos 78 municípios capixabas. Lula afirma que haverá carro de som no local e o microfone estará aberto para que os candidatos reafirmem seus compromissos com as pautas de combate ao racismo. 

“A eleição de 2020 já bateu o recorde na participação de negros e negras na disputa. Agora precisamos que esse aumento contribua para ampliar também a presença de pessoas negras nos espaços de poder. Queremos que a população negra e os aliados na luta contra o racismo entendam o quanto é importante elegermos representantes das nossas causas”, destaca Lula.
O coordenador do Círculo Palmarino explica que as candidaturas negras foram convidadas por meio de contato feito com partidos, que já anunciaram publicamente o compromisso com as causas raciais: PT, Psol, PCdoB, PDT, Rede e PSB. Os candidatos que já confirmaram presença são Jocelino Júnior (PT), Isaías Santana (PT), Camila Valadão (Psol), André Moreira (Psol), Wander Meireles (Psol) e o mandato coletivo Juntas, do Psol, que conta com as candidatas Josi Santos e Ju Pereira. 
O ato acontecerá quatro dias após o Círculo Palmarino lançar o manifesto pelo voto negro no Espírito Santo, como estratégia para o enfrentamento ao racismo estrutural. Na ocasião, Lula Rocha destacou que “não basta ser negro, tem que ser antirracista”, sendo necessário eleger negros comprometidos com a pauta antirracista, contribuindo para que ações de combate ao racismo sejam pensadas nos municípios. 
Na Câmara de Vitória, o vereador Wanderson Marinho (PSC) se declarou negro, segundo informações do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Cleber Felix (DEM) se declara pardo. Ambos concorrem à reeleição, mas, segundo Lula, nenhum dos dois defende as pautas raciais. O coordenador do Círculo Palmarino afirma que é preciso contemplar também o gênero, buscando eleger mulheres negras. “Em toda a Grande Vitória, a única Câmara que tem mulheres negras é a de Vila Velha, com duas”, informa. 
As entidades, na carta divulgada pelo Círculo Palmarino, defendem que “é a nossa chance de diminuir essa desigualdade gritante, também produzida pelo racismo estrutural em nosso país. E essa tarefa não é apenas nossa enquanto negros e negras, mas sim de todas pessoas comprometidas com a luta racial. A democracia no Brasil só será efetiva quando houver pluralidade nos espaços de poder que hoje são ocupados majoritariamente por homens brancos cis”. 
Outra ação de fortalecimento das candidaturas negras nas eleições 2020 foi o Política na Raça, que buscou viabilizar o debate étnico-racial na Capital. Antes mesmo do período eleitoral, foram entrevistados, por meio de lives, pré-candidatos para discutir sobre a questão racial dentro das campanhas e dos mandatos políticos. Os participantes foram de linha progressista, que têm ligação com o Movimento Negro e incluem de alguma maneira a questão racial dentro de suas campanhas. 
João Victor, um dos organizadores do Política na Raça, analisa que mesmo que por vezes haja um número até significativo de candidatos negros – desde 2014 os candidatos precisam realizar autodeclaração racial ao registrar candidaturas, o que facilita a criação de bancos de dados – a quantidade de eleitos é muito baixa.
“Algumas candidaturas batem na trave, quase chegam lá. O que faz diferença muitas vezes é a falta de investimento financeiro por parte do partido nessas candidaturas”, analisa o cientista social. Segundo João Victor, o Política na Raça fez parte da mobilização nacional que pressionou o TSE para a aprovação da distribuição dos recursos do Fundo Especial de Financiamento de Campanha (FEFC) pelos partidos de forma proporcional entre candidaturas de brancos e negros, inclusive na divisão do tempo de propaganda eleitoral gratuita no rádio e na televisão, que passou a valer este ano. 


‘Não basta ser negro, tem que ser antirracista’

Lula Rocha defende eleições de negros como forma de fomentar pautas de combate ao racismo nos municípios


https://www.seculodiario.com.br/direitos/nao-basta-ser-negro-tem-que-ser-antirracista

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