No último final de semana aconteceu em Vitória o IV Encontro de Formação Política do Movimento Popular da Juventude em Disparada (MPJ em Disparada), que marca o aniversário de um ano de atuação desta organização de jovens no Espírito Santo.
Articulado desde março do ano passado nacionalmente, o movimento realizou sua primeira atividade no Estado em agosto do ano passado e vem se preparando para enfrentar a atual conjuntura fortalecendo o trabalho de base em três vertentes importantes para as juventudes capixabas.
Uma linha de atuação é no movimento estudantil, importante espaço de articulação dos jovens e que promete ser linha de frente no enfrentamento ao governo Jair Bolsonaro, como mostraram as manifestações de 15 e 30 maio. Para o próximo ato, marcado para 13 de agosto, o MPJ em Disparada está preparando mobilizações no dia 9 em diversos Institutos Federais em que está presente no interior e na região metropolitana.
No movimento estudantil, um dos objetivos é recuperar as entidades representativas, para que possam ajudar a organizar os estudantes e não deixar que as manifestações e mobilizações dependam do “espontaneísmo”. Entre elas estão a União dos Estudantes Secundaristas do Espírito Santo (Ueses), cuja última eleição aconteceu em 2014, a União Estadual dos Estudantes (UEE), que representaria estudantes de ensino superior do Estado mas não foi reativadas desde que foi colocada na ilegalidade pela ditadura, e o Diretório Central dos Estudantes (DCE) do Ifes, que se encontra sem gestão.
Apesar do pouco tempo de existência, a capilaridade do movimento se explica por conta de seu surgimento a partir da saída de integrantes da União da Juventude Socialista (UJS), ligada ao PCdoB, que há décadas comanda a União Nacional dos Estudantes (UNE), maior entidade estudantil do País. A saída se deu na busca justamente de uma maior articulação para além do movimento estudantil e articulação também nos bairros, além de maior aproximação com o PT, sem se alinhar a nenhuma corrente interna e apresentando críticas à institucionalização do partido, que o afastou de movimentos sociais.
No sentido da organização a nível comunitário e ao mesmo tempo fortalecendo pauta da educação, o MPJ em Disparada articula com outros parceiros a criação de um cursinho popular no Morro do Quadro, em Vitória.
Além dos movimentos estudantil e comunitário, um terceiro foco de atuação será na área da cultura. “Compreendemos que os jovens são os grandes agentes culturais de nosso tempo, especialmente com a cultura hip hop e de resistência, que conseguem dialogar e atingir a juventude”, diz Raphael Reis, integrante do Comando Nacional do MPJ, coordenador estadual de organização e indicado para compor a direção da UNE. Uma das estratégias foi a criação da Ruasia, como braço cultural do movimento, buscando realizar rodas culturais e batalhas de rima de forma itinerante nas localidades em que está presente.
No encontro de formação do último fim de semana, que reuniu cerca 80 jovens em três dias de atividades, foram realizadas oficinas de oratória, comunicação e poesia, debates sobre ascensão do conservadorismo e direitos da comunidade LGBT, racismo institucional e sociedade de classe, antipetismo e luta de classes e tarefas revolucionárias da juventude, além de plenária organizativa e o primeiro festival estadual do Ruasia, que compôs a parte cultural do evento.