A concentração de terras é diretamente relacionada à concentração de renda. A reforma agrária é apontada pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) como uma estratégia para fomentar a justiça social. Como se sabe, o movimento não espera, faz acontecer. E a ocupação de terras tem sido um instrumento histórico para se fazer ouvir. Na madrugada desse sábado (19), cerca de 50 famílias sem terra afetadas pela fome e desemprego ocuparam uma nova área em Pinheiros, norte do Espírito Santo.
Se trata da área S 105, com 414 hectares, às margens da BR 101, onde a empresa Suzano (ex-Fibria e ex-Aracruz Celulose) fomenta o plantio de eucalipto em larga escala. Os impactos do monocultivo de eucalipto têm sido denunciados há décadas por movimentos sociais, políticos e ecológicos, por gerar concentração de terra e renda, esvaziamento do campo, danos ao solo, à água e ao equilíbrio natural, além de possíveis derrubadas de matas nativas e grilagem de terras envolvidas em processos para obtenção de terras.
Foto: MST-ES
“A Suzano, após fusão com a empresa Fibria, é responsável pela destruição de gigantes áreas de terras agricultáveis no Estado, expulsando milhares de famílias camponesas, quilombolas e indígenas. Produzem eucalipto para o mundo, concentrando riquezas e deixando a pobreza da população e degradação ambiental paras as regiões e para o nosso país”, acusa o MST.
Em lugar disso, o movimento rural aponta para a necessidade de reforma agrária para distribuir terras que possam produzir alimentos saudáveis para a sociedade, reafirmando a necessidade da luta e organização dos trabalhadores para alcançar esse objetivo. Há mais de 30 anos enfrentam o modelo dos latifúndios de cana e eucalipto na região norte do Espírito Santo.
“A reforma agrária continua sendo a política pública necessária para resolução destes conflitos que só se resolvem com a distribuição das terras e o desenvolvimento socioeconômico das famílias. É necessário transformar áreas sem gente e sem trabalho em campos onde possamos produzir alimentos saudáveis, gerar trabalho, construir escolas e formar novas comunidades camponesas”, pontua o movimento em nota pública sobre a nova ocupação, na qual as famílias começaram a se instalar e construir barracos para formar um acampamento, que pretendem que futuramente seja transformado num assentamento permanente para famílias camponesas.